A HUMILDADE É O TRAJE DO ANONIMATO E O ANONIMATO É A EXPRESSÃO DA HUMILDADE

A HUMILDADE É O TRAJE DO ANONIMATO E O ANONIMATO É A EXPRESSÃO DA HUMILDADE

Uma criação em lar religioso me incutiu uma noção de humildade sempre ligada a ficar de joelhos. Na minha vida adulta engrossei o caudal daqueles que vêem humildade intimamente relacionada à pobreza. Foi difícil entender o sentido de humildade. Em A. A. me foi mostrado que nossos Doze Passos refletem um conteúdo de humildade, quase sempre ao lado da fé.
Foi relativamente fácil relacionar um conteúdo de humildade com a heterogênica composição de nossa Unidade. Entendia humildade como a minha coexistência no Grupo em pé de igualdade com companheiros menos providos de recursos ou de escolaridade. Aceitei essa condição de bom grado. Acresce que a não-religiosidade de A. A. me liberava de ver a humildade em atitude de genuflexão.
Foi cômodo formar uma convicção de que o A. A. teria uma concepção diferente de humildade. Levou tempo para que percebesse que não existem distintas acepções de humildade.
Talvez a descrição que alguém possa fazer da humildade contenha uma visão particular que de forma alguma destoa do significado único.
Em dicionários encontrei definições secundárias de humildade, que contemplavam uma noção de modéstia, pobreza e ainda respeito, reverência e submissão. Contudo, em destaque, a definição: Humildade: virtude que nos dá o sentimento de nossa fragilidade. A aceitação de nossa condição humana.
A aceitação de nossa condição humana nos tira a veleidade de sermos Deus. Essa mesma aceitação de nossa humildade nos põe, de imediato, em nível de igualdade com as criaturas e nos induz mais facilmente ao reconhecimento de um Criador. Daí a total desnecessidade de darmos relevo à nossa personalidade. Daí a importância de nos despirmos dos atos que nos destacam. Daí a convicção plena de que nosso maior tesouro está em nossas intenções.
E que a pura alegria de nosso sentimento íntimo, vale mais, é mais gratificante do que os momentos de pequena glória que podemos ter ao declarar nossa autoria.

(Fonte: Revista Vivência – 91 – Set./Out. 2004 – Guaracy)

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