TEMAS:
“UNIDADE”
“ANONIMATO”
PRIMEIRA TRADIÇÃO
“NOSSO BEM ESTAR COMUM DEVE ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR, A REABILITAÇÃO INDIVIDUAL DEPENDE DA UNIDADE A.A”
Esta questão da unidade em A.A. é mesmo muito importante, senão vital para todos os membros desta irmandade, muitos não se dão conta disto, até que num determinado momento de sua vida, para e faz uma reflexão sobre o que foi mais importante para mantê-lo sóbrio. Ora, a grande maioria de nós, chegou em A.A. com a vida toda descontrolada e o que é pior, com todos os defeitos de caráter à flor da pele, nos sentindo abandonados, maltratados e acima de tudo injustiçados, portanto extremamente revoltados, desconfiados, inseguros e em posição de defesa, armados emocionalmente e prontos para atacar qualquer um que tente interferir em nossa “maravilhosa” vida. Ai, encontramos um Grupo de pessoas que dizem ter os mesmos problemas que nós, que nos aceitam sem nenhuma exigência, que nos surpreendem dizendo que somos importantes e que precisam de nós. Levamos algum tempo para entender tudo isto e acreditar que estão sendo sinceros e que querem o nosso bem. Todavia, em nosso estado de desequilíbrio e prevalecendo o egoísmo, ainda queremos mais e começamos a exigir do Grupo a atenção em assuntos de nosso próprio interesse e ainda não pensamos em retribuir o que o Grupo está fazendo por nós. Mas, há um dia em que por algum motivo, sentimos que precisamos de um companheiro (a), seja para apenas nos ouvir, ou para nos ajudar em alguma dificuldade, aí então começamos a perceber o valor da unidade no Grupo e observamos como os companheiros (as), em que pese todas as diferenças, se dão bem e procuram estar sempre disponíveis uns para os outros e então temos a certeza que precisamos uns dos outros mais do que pensávamos e que só estamos sóbrios hoje, pela existência desta unidade. Enfim, entendemos o que é “BEM ESTAR COMUM”.
Algumas coisas que penso ser importante para que o “BEM ESTAR COMUM” seja vivenciado no Grupo, portanto:
DEVEMOS
a) AMOR: Sempre que possível, colocar as necessidades dos companheiros (as) antes das nossas. Assim fazendo, estará contribuindo para manter o Grupo unido.
b) TOLERÂNCIA: Aceitar os Companheiros (as) como são.
c) SABER OUVIR: Nunca esquecer que se falar fosse mais importante, teríamos duas bocas e não o contrário, dois ouvidos.
d) MODERAÇÃO : Sempre que possível, ser o último a opinar sobre qualquer assunto.
e) EDUCAÇÃO: Sempre que possível, ser Cortez com todos, fale baixo e calmamente.
f) BOM SENSO: Não fazer julgamentos, nem críticas a Grupos, Companheiros (as).
g) HUMILDADE: Evitar fazer alarde de conhecimentos, pelo exemplo todos reconhecerão sua erudição e sabedoria. Aceite e apóie as ideais melhores que as suas, venha de quem vier. Não faça nada em A.A. esperando reconhecimento e elogios.
Sei que outras coisas são importantes, estas citadas são básicas e necessárias, temos visto muitos conflitos em Grupos pela não observância destas posturas por parte de seus membros, o que coloca a reabilitação dos membros em risco, assim como, a própria existência do Grupo, pela falta de unidade neste.
(07/09/11 – Antonio Eustáquio)
SUGESTÕES PARA LEITURA E REFLEXÃO
“NOSSAS TRADIÇÕES, SEGUNDO BILL W. são um Guia para se encontrar formas melhores de trabalhar e viver em Grupo”.
1. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de A. A..
Sem unidade A. A. morrerá. Liberdade individual e, não obstante, uma grande unidade. A chave do paradoxo: a vida de cada A. A. depende da obediência a princípios espirituais. O grupo precisa sobreviver; caso contrário, não sobreviverá o indivíduo. O bem-estar comum vem em primeiro lugar. A melhor forma de viver e trabalhar juntos como grupos.
AS TRADIÇÕES DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
“Elas são para a sobrevivência do Grupo, aquilo que os Doze Passos de A. A. são para a sobriedade e paz de espírito de cada companheiro…”
Hoje, nós de A. A. estamos juntos e sabemos que vamos permanecer juntos.
Estamos em paz uns com os outros e com o mundo que nos rodeia. Por isso, muitos de nossos conflitos são resolvidos e nosso destino parece assegurado. Os problemas de ontem têm produzido as bênçãos de hoje.
Nossa história não é uma história comum; ao contrário, é a história de como, pela Graça de Deus, uma força desconhecida tem-se levantado da grande fraqueza; de como sob ameaças de desunião e colapso, a unidade mundial e a Irmandade têm sido forjadas.
No curso desta experiência, temos desenvolvido uma série de princípios tradicionais pelos quais vivemos e trabalhamos unidos, bem como nos relacionamos como uma Irmandade para o mundo que nos rodeia.
Estes princípios são chamados de Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos.
Elas representam a experiência extraída do nosso passado e nos apoiamos nelas para nos manter em unidade, através dos obstáculos e perigos que o futuro nos possa trazer.
Não foi sempre assim. Nos primeiros dias vimos que era uma coisa para algum alcoólicos se recuperarem, mas o problema de viver e trabalhar juntos era algo mais.
Por conseguinte, foi para um futuro desconhecido que olhamos pela janela da sala de estar da casa do Dr. Bob, em 1937, quando pela primeira vez percebemos que os alcoólicos poderiam ser capazes de se recuperar em grande escala.
O mundo ao redor de nós, o mundo de pessoas mais normais, estava sendo destruído. Poderíamos nós, os alcoólicos em recuperação permanecermos juntos? Poderíamos nós levar a mensagem de A. A.? Poderíamos nós funcionar como grupos e como um todo? Ninguém poderia dizer.
Nossos amigos psiquiatras, com alguma razão começavam a nos prevenir: “Esta Irmandade de alcoólicos é dinamite emocional. Seu conteúdo neurótico pode explodi-la em pedacinhos.”
Quando estávamos bebendo, na verdade, éramos muito explosivos. Agora que estamos sóbrios, bebedeiras secas nos farão explodir?
E foi assim, que através das tentativas e dos erros que adquirimos rica experiência. Adotamos pouco a pouco, as lições dessa experiência, primeiro como política e depois como Tradição.
Este processo ainda continua e esperamos que nunca termine.
Caso algum dia nos tornemos muito rigorosos, a letra da lei poderá esmagar o espírito da lei. Poderíamos vitimar a nós mesmos, através de regras e proibições mesquinhas; poderíamos vitimar a nós mesmos, através de regras e proibições mesquinhas; poderíamos imaginar que houvéssemos dito a ultima palavra. Poderíamos até mesmo exigir dos alcoólicos que aceitassem nossas ideais rígidas ou se mantivessem afastados. Não podemos nunca engessar o progresso desta forma, mas as lições proporcionadas pela nossa experiência são muito importantes, estamos todos convictos disso.
Grande parte do trabalho de Bill no escritório de A. A. era cuidar da correspondência. As cartas vinham em um fluxo constante desde a publicação do artigo no Saturday Evening Post. Muitas destas cartas solicitavam auxilio a formação de novos Grupos ou pediam orientações sobre os diversos problemas e circunstâncias dos Grupos existentes. A idéia de se desenvolver diretrizes clara para os Grupos evoluiu do continuo surgimento de perguntas semelhantes. Esta necessidade vinha sendo discutida desde 1943, quando o escritório central começara a coletar informações e solicitara aos Grupos que enviassem uma relação das regras e requisitos referentes à filiação.
A relação consolidada recordava Bill, tinha muitas páginas e uma reflexão sobre aquelas muitas regras, levou-nos a uma assombrosa conclusão: – se todas aquelas exigências fossem imediatamente impostas por toda parte teria sido praticamente impossível para qualquer alcoólico filiar-se a A. A.
As idéias básicas para as Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos vieram diretamente desta vasta correspondência. Em fins de 1945, um grande amigo de A. A. sugeriu que toda aquela massa de experiências poderia ser codificada em um conjunto de princípios capaz de oferecer soluções comprovadas para todos os nossos problemas de convivência e trabalho conjunto e de relacionamento da nossa Irmandade com o mundo externo. A denominação “Tradições” dada a estes princípios atesta a genialidade de Bill. Se tivessem sido chamados de “leis”, “regras”, “estatutos” ou “regulamentos”, estes princípios talvez nunca fossem aceitos pelos membros. Bill conhecia muito bem seus companheiros alcoólicos: ele sabia que nenhum bêbado que se auto-respeitasse, sóbrio ou não, se submeteria docilmente a um conjunto de “leis” – isso seria autoritário demais!
Não obstante, a denominação “Tradições” só foi adotada um pouco mais tarde. Inicialmente, Bill as chamou de “Doze Pontos para Garantir Nosso Futuro”, porque as entendia como diretrizes necessárias à sobrevivência, à unidade e à eficiência da Irmandade. Foram divulgadas pela primeira vez sob esse título em 1946 na The Grapevine.
Assim como os Passos, as Tradições não foram imaginadas antecipadamente como meios de ação contra problemas futuros. A ação veio primeiro. Não dispondo de nada em que pudessem se basear, exceto o método de tentativa, erro e nova tentativa, os Grupos pioneiros de A. A. logo descobriram: – bem, daquela maneira não funcionou, porém de outra deu certo; e essa maneira funciona ainda melhor!
Nossas Tradições são um Guia para se encontrar formas melhores de trabalhar e viver em Grupo, afirmou nosso co-fundador Bill W.: – elas são para a sobrevivência do Grupo, aquilo que os Doze Passos de A. A. são para a sobriedade e paz de espírito de cada companheiro…
A maioria das pessoas só consegue se recuperar se existir um Grupo. O Grupo precisa sobreviver ou o indivíduo não sobreviverá.
(Esta matéria foi extraída de trechos dos livros: A. A. Atinge a Maioridade, A Linguagem do Coração, Levar Adiante e as Doze Tradições Ilustradas como introdução do tema desta e das próximas edições, esclarecendo assim os Profissionais e Amigos de A. A.)
NOSSO BEM-ESTAR COMUM DEVE ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR; A REABILITAÇÃO INDIVIDUAL DEPENDE DA UNIDADE DE A. A.
(1ª. Tradição)
“ O bem-estar comum é a base de sustentação.”
Muito se fala em A. A. sobre crescimento espiritual, mas pouco se fala de como conseguir este crescimento.
Para mim, não há crescimento espiritual sozinho, o crescimento se adquire através do outro, da maneira como vejo e aceito o outro.
A prática dos Passos me ajuda a aceitar a mim mesmo do jeito que sou e a partir daí começo a aceitar que o outro também tem o direito de ser o outro, de ser diferente, de ser ele.
Uma coisa que sempre me acompanhou desde minha chegada em A. A. foi a fé inabalável em seu programa; sem conhecer os princípios eu já tinha convicção que eles poderiam resolver qualquer problema.
A história de Bill reforçou essa convicção. À medida que fui tendo algum entendimento sobre os Passos, mais maravilhado eu ficava. Passei bom tempo falando só em Passos.
Quando ouvia algo sobre as Tradições ou lia, ficava decepcionado: – que coisa mais sem graça e essa desmotivação era forçada pelo chavão: “Tradição é para funcionamento de Grupos”, nada haver comigo, portanto.
Nota-se, de um modo geral, a grande dificuldade que tem o membro de A. A. com a prática das Tradições, chega a ser até um preconceito.
Talvez por nunca recebermos a informação correta sobre o significado dos princípios de A. A. quando chegamos ao Grupo pela primeira vez.
Eu, por exemplo, quando cheguei recebi a informação de que aqueles membros dos órgãos de serviço que falavam de Tradições estavam acabando com o A. A. e como eu poderia aceitar aqueles companheiros e o que eles falavam se eles estavam querendo acabar com aquilo que estava salvando a minha vida? Coisa mais absurda!
Mas com o passar do tempo, enquanto refletia sobre minha vida, despertei para uma palavrinha que mudou todo o rumo de minha história: a palavra GRUPO.
De repente percebi que minha vida era formada por grupos: o grupo de minha casa (minha família); o grupo do meu local de trabalho; o grupo dos colegas de futebol, e tantos outros grupos.
Veio então o seguinte raciocínio: se as Tradições são para o funcionamento de Grupos de A. A. vão servir também para os outros grupos nos quais estou inserido e comecei a buscar um entendimento melhor das nossas Tradições.
Logo na primeira tradição aparecia uma coisa nova para mim: bem-estar comum. Eu nunca havia pensado nisso, aliás, eu nunca havia pensado no outro. O egocentrismo, a vida centrada em mim mesmo, era meu modelo de vida.
Então, logo no seu início , as Tradições começam a falar que sem levar em consideração o outro o grupo não irá em frente e para que isso aconteça é necessário que o bem-estar comum venha em primeiro lugar. Mas o que vem a ser esse bem-estar comum?
Toda coletividade, seja ela sociedade ou comunidade tem uma missão peculiar para o desempenho da qual existe, missão que lhe confere sua marca, sua característica e princípio formal e que, por assim dizer, é a sua alma.
Tal missão deve consistir evidentemente num bem (ou conjunto de bens) que deve ser conseguido mediante a atividade do ente coletivo (grupo) e de maneira que não só redunde em benefício deste ente enquanto tal (o grupo), como também beneficie, em última instância, a todos os seus membros.
Este bem (ou conjunto de bens) recebe o nome de “bonum commune”, “bem comum”. Nele se verifica uma relação recíproca: toda perfeição do conjunto significa um proveito para os membros e vice-versa, aumentando e consolidando-se o aperfeiçoamento destes, aumenta a capacidade operativa do conjunto…
Interessante esse conceito e muito diferente de minha percepção até então.
Quer dizer que o grupo é o somatório de suas partes e se essas crescem o grupo no seu todo cresce. E se a missão dos grupos em A. A. e de A. A. em seu todo é assegurar a sobriedade de seus membros e transmitir a mensagem àqueles que dela necessitam, logo a garantia de manutenção desse bem comum passa necessariamente pelo bem-estar comum de seus membros.
A manutenção, a busca constante desse bem-estar comum, bem estar do grupo, passa a ser o grande desafio a ser enfrentado por todos os grupos. Comecei então a entender o verdadeiro significado de “o bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; tenho que abrir mão dos meus anseios e minhas vontades sempre que elas ameaçam o bem-estar do todo”.
Fácil? Não. Muito difícil. Como resolver o problema da autoridade? Quem pode ser membro? Até onde o grupo pode ir? E quanto à propriedade e sustentação? Essa e várias outras questões ameaçam constantemente o bem comum do grupo (a espiritualidade) e quando o bem comum do grupo está sob ameaça o indivíduo corre sérios riscos.
Aí sim, comecei a perceber que de nada adiantaria eu tentar colocar a minha personalidade acima dos princípios do grupo, pois o primeiro grande ameaçado seria eu. Logo, eu teria que me contentar em calar os meus anseios tão acalentados pela minha personalidade distorcida em benefício do bem-estar do grupo.
E quando consigo fazer assim começo a perceber que mudanças incríveis acontecem em mim e que o grande beneficiado por colocar o bem-estar do grupo em primeiro lugar sou eu mesmo.
A minha vida é feita de relações com outras pessoas e quando começo a aprender a conviver com as diferenças de cada um dentro de um grupo de A. A. passo a entender que a prática desses princípios em outros grupos de minha vida (família, empresa, etc.) pode me levar ao crescimento espiritual tão falado em A. A.
Se a prática dos Passos me ensina a viver comigo mesmo e meus monstros interiores, a prática das Tradições me ensina a conviver com as pessoas e aceitar as suas diferenças e através disso colocar o coletivo em primeiro lugar e me deixando com meus anseios num segundo plano e sabendo que esse estar em segundo plano não é nenhum demérito, mas acima de tudo desenvolver um tipo de humildade que me faz entender que o todo é mais importante que suas partes e que para eu crescer eu preciso do todo, sozinho nada sou.
Eu não sou o outro, o outro não sou eu, mas somos um grupo, enquanto somos capazes de diferencialmente, eu ser eu vivendo com você; você ser você, vivendo comigo… isso é espiritualidade!
Que maravilhas podem fazer os princípios de A. A.!
(Fonte: Revista Vivência Nº 123 – Jan/Fev-2.010 /Antônio)
NÃO PERMITAM QUE O ENCANTO SE QUEBRE
“Se o problema não for logo contornado em pouco tempo estaremos de volta ao copo e certamente, ao inferno, não sem antes, “balançar” a Unidade do Grupo.”
Ao chegarmos em A. A. encontramos um “mundo” bem diferente daquele que imaginávamos e estávamos.
No início até parecia um mundo de sonhos, daqueles que víamos em nossas fantasias.
Um mundo pequeno nas aparências, porém gigante por natureza, tão simples e ao mesmo tempo tão enigmático. Tudo é tão novo, tão surpreendente e promissor; jamais imaginávamos encontrar algo assim. No início da caminhada quando tudo é novo somos bastante receptivos como aqueles que estão a se afogar em águas profundas e barrentas, sem alguém por perto; por perto ajudar, mesmo que seja para atrair uma pequena bóia. Demonstramos humildade e submissão, certamente retiradas de um último suspiro de desespero e dor.
Criamos um verdadeiro encanto por tudo que estamos aprendendo, pelos outros membros de A. A., pelo reflexo e o sucesso das mudanças em nossa vida social e familiar. Passamos a viver com alegria! Começa a despontar um tênue fio de felicidade, algo que sempre esperávamos encontrar no funesto e diabólico fundo de um cálice!
Já é possível traçar algumas metas em nossa vida como o retorno à família, um novo emprego e muito mais, porém, com a mente alcoólica, doentia e traiçoeira a maioria de nós logo esquece o que realmente nos trouxe a A. A. e o que encontramos.
Esquecemos de como chegamos, que fomos recebidos com amor e carinho (valores que já desconhecíamos) por aqueles que lá estavam à nossa espera; que em apenas poucos dias seguindo a Programação de A. A. nossa vida começou melhorar. Ignoramos tudo isso. Esquecemos da dedicação de todos à nossa volta que sonharam em ver-nos novamente reintegrados na sociedade, sem revolta ou ressentimentos.
Assim como a referência do Capítulo Cinco do Livro Alcoólicos Anônimos… aqueles que sentem dores nos pés durante a caminhada… cheios de orgulho, com a mente doentia comum a todo alcoólico, e os defeitos de caráter bastante acentuados ainda, se não afastam do Grupo, passam a encontrar defeitos nos companheiros e na programação, e assim, como um vaso de vidro de péssima qualidade, o encanto se quebra e voltam à prática dos velhos hábitos dando vazão aos defeitos de caráter que estavam refreados e voltam às velhas atitudes.
A famosa bebedeira seca citada começa seu efeito devastador. Se o problema não for logo contornado em pouco tempo estaremos de volta ao copo e certamente ao inferno em que vivíamos antes, não sem antes “balançar” a Unidade do Grupo. Apesar de alguns membros entenderem isso como “dores do crescimento”, penso de outra forma. Ora, se aceitarmos este desrespeito às Tradições com naturalidade e o Grupo viver absorvendo sempre estas “dores” a recuperação de seus membros, assim como o próprio Grupo estarão comprometidos; não haverá condição de recuperação espiritual.
Se não conseguirmos tal recuperação, o Grupo irá mal, não poderemos ajudar nem mesmo a nós, quanto mais àqueles que chegam à busca de ajuda!
O Grupo necessita primar pelo único propósito de A. A.. Se observarmos bem nossas Tradições descobriremos que podemos passar muito bem sem esses males e aproveitar melhor os ensinamentos sugeridos na programação caminhando em busca da verdadeira harmonia com o Poder Superior, conosco e com o nosso próximo.
Somente assim poderemos levar adiante a mensagem de A. A., dividindo essa riqueza inigualável encontrada na alma desta tão abençoada Irmandade.
(Fonte: Revista Vivência Nº 123 – Jan/Fev.2010 – Nonato/Pirassununga-SP)
UNIDADE
“Bill, nós adoramos recebê-lo e ouvi-lo falar. Conte-nos onde você costumava esconder as suas garrafas e fale-nos daquela experiência espiritual. Mas não venha nos falar mais a respeito destas malditas Tradições.” (Levar Adiante)
Era mais ou menos coisas deste tipo que Bill ouvia quando, antevendo o perigo que corria A. A., colocou o pé na estrada e passou a divulgar o que ele chamava de Doze Pontos Para Garantir o Nosso Futuro.
O nome Tradições só veio mais tarde e atesta toda a genialidade de Bill, pois já pensaram se ele tivesse dado o nome de “12 regras”, “12 leis”, “estatuto”, ou qualquer outra coisa que significasse regulamento?
Talvez nenhum membro de A. A. aceitaria estes princípios, Bill conhecia muito bem seus companheiros alcoólicos; ele sabia que nenhum bêbado que se auto-respeitasse, sóbrio ou não, se submeteria docilmente a um conjunto de “leis” isso seria autoritário demais!
Mas por que Bill sentiu a necessidade das Tradições como garantia do futuro de A. A.?
Bill tinha uma mente obcecada e uma visão de futuro excepcional. Ele sabia o que era bom para A. A. e não desistia de seus propósitos facilmente quando em benefício de A. A.
Bill estudou e pesquisou profundamente sobre o Movimento Washingtoniano, movimento que surgiu de maneira espetacular nos Estados Unidos um século antes de A. A. com o objetivo de salvar bêbados e da mesma maneira espetacular que surgiu naufragou por dois motivos básicos: a) Eles não consideravam o alcoolismo como doença e sim como um desvio de caráter, uma fraqueza, que podia ser corrigido apenas com a força de vontade e b) Não oferecia um padrão de conduta, uma orientação que salvaguardassem o movimento.
Por exemplo, táticas carnavalescas de promoção e a carência de qualquer princípio de anonimato era o modo que eles divulgavam o movimento; participavam ativamente de controvérsias públicas, política, religião, etc.
A. A. já havia corrigido o primeiro motivo quando afirmou que o alcoolismo é uma doença incurável e que a força de vontade é inteiramente nula no seu combate, mas e a segunda causa do naufrágio dos Washingtonianos como fazer?
Pois bem, as respostas a estas perguntas vieram nos anos seguintes e tiveram a sua origem nos próprios Grupos.
Desde 1937, já contávamos com o auxilio de um Escritório e grande parte do trabalho de Bill W. neste escritório era de cuidar da correspondência.
A maioria das correspondências pedia orientação para a abertura de novos Grupos ou pediam sugestões para a solução de problemas de funcionamentos dos grupos.
A idéia da criação de diretrizes para funcionamento de grupos surgiu justamente da crescente correspondência com pedidos de ajuda.
As Tradições em A. A. representam a experiência extraída de nosso passado e nos apoiamos nelas para nos manter em unidade, através dos obstáculos e perigos que nos possa trazer.
Tradição significa um método específico de determinada ação, atitude ou ensinamento que são passados de geração para geração. Uma coisa que se torna tradicional, se torna normal, e, portanto, é seguida muitas vezes sem nenhuma indagação.
Nota-se, de um modo geral, a grande dificuldade que tem o membro de A. A. com a prática das Tradições, chega a ser até um preconceito. Talvez por nunca recebermos a informação correta para o significado dos princípios de A. A. quando chegamos ao Grupo pela primeira vez.
Tive muita dificuldade em quebrar esta barreira. Como diz uma citação de Hebert Spencer em nosso livro azul: “Há um princípio que é um barreira a toda informação, que é uma refutação de qualquer argumento e que não pode deixar de manter um homem na ignorância perpétua: o princípio consiste em depreciar antes de investigar”. Normalmente depreciamos antes.
Devido a este “depreciar antes de investigar” é que aceitamos passivamente a afirmação que as Tradições de A. A. são só para os Grupos.
“Mas as Doze Tradições também apontam diretamente para muitos de nossos defeitos individuais. Por dedução, elas pedem a cada um de nós para deixar de lado o orgulho e o ressentimento. Elas pedem pelo benefício do Grupo, bem como pelo benefício pessoal. Elas nos pedem para nunca usar o nome de A. A. em busca de poder pessoal, fama ou dinheiro. As Tradições garantem a igualdade de todos os membros e a independência de todos os Grupos.” (A. A. Atinge a Maioridade pg.87).
Se formos cuidadosos em sua prática veremos que são as Tradições que têm a capacidade de revelar aqueles defeitos que mais nos prejudicam e que insistem em dirigir a nossa vida.
São os conflitos em nossas relações interpessoais um valioso terreno de observação de nossa personalidade. Esses conflitos são reveladores de nós mesmos. Afinal, todos temos uma agenda oculta e nesta agenda estão escondidos aqueles nossos já conhecidos instintos de busca de prestígio, poder e prazer. A nossa incrível capacidade de conduzir as coisas para que beneficiem a nós mesmos. O querer sempre estar com a razão, independente de tê-la ou não? Energia perdida. Em vão.
Tal como Os Passos surgiram com a finalidade de evitar que voltássemos a beber ao longo de sua prática percebeu-se que poderíamos conseguir muito mais com eles, o mesmo ocorre com as Tradições de A. A.
Se em seu princípio a finalidade era orientar os Grupos para problemas que fossem surgindo, com a sua prática percebeu-se rapidamente que elas são um poderoso instrumento em minha recuperação.
Afinal, se os Passos são sugeridos para um melhor conhecimento de mim mesmo, para melhorar a minha auto-aceitação, as Tradições têm o poder de me mostrar a melhor maneira de viver em grupos.
Se aprendermos a conviver com os companheiros do Grupo de A. A. já teremos um ótimo indicador de como conviver com as demais pessoas de nossos diversos grupos.
Se os Passos nos ensinam a viver, as tradições têm o poder de nos ensinar a conviver, talvez a nossa maior dificuldade. Só se cresce espiritualmente na convivência com os outros. Aqui temos outra máxima muito usada por nós que é: “quer saber côo está meu relacionamento com Deus, pergunte às pessoas que convivem comigo”.
Quanto mais praticarmos as Tradições em nossos relacionamentos, mais cresceremos em direção a um Poder Superior, mais cresceremos espiritualmente.
Uma filosofia afirmou determinada época que se reprimimos uma tradição, ela escapa pelo ladrão e retorna… Assim se dá em A. A., se reprimimos uma das Tradições mais à frente seremos obrigados a observá-la novamente. Para o nosso próprio bem.
As Tradições de A. A. existem justamente para isso, para evitar a repetição de erros. Erros velhos não nos levam a nenhum crescimento, que cometamos erros novos, pois através deles é que continuaremos a aperfeiçoar a melhor maneira de viver em grupos de nos relacionarmos com a sociedade lá fora e, principalmente, melhorar a nossa qualidade de recuperação.
O crescimento espiritual inicia quando nos juntamos a um Grupo e passamos a viver em Unidade com os companheiros deste Grupo e com A. A. em seu todo.
(Fonte: Revista Vivência Nº 123 – Jan/Fev – 2010 – Anônimo)
NOSSO BEM-ESTAR COMUM DEVE ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR
A unidade de Alcoólicos Anônimos é a qualidade mais preciosa que nossa Irmandade possui… ou nos mantemos unificados ou A. A. morre.
Nossas Tradições são elementos-chave no processo de deflação do ego, necessário para alcançar e manter a sobriedade em Alcoólicos Anônimos. A Primeira Tradição me relembra de não atribuir a mim o mérito ou autoridade por minha recuperação. Colocando o bem-estar comum em primeiro lugar me faz lembrar de não tornar-me um curandeiro neste programa; ainda sou um dos pacientes. Modestos pioneiros construíram a enfermaria. Sem eles, duvido que eu estaria vivo. Sem o Grupo, poucos alcoólicos se recuperariam.
O papel ativo na renovação da rendição da vontade me da condições de ficar de lado da necessidade de dominar, do desejo de reconhecimento, duas coisas que representaram um grande papel no meu alcoolismo ativo. Adiando meus desejos pessoais pelo bem maior do crescimento do Grupo, contribuo para a unidade de A. A. que é central para toda recuperação. Ajuda-me a lembrar que o inteiro é maior que a soma de todas as suas partes.
(Fonte: Reflexões Diárias – pag. 39 / 31 de Janeiro)
PELA FÉ E PELAS OBRAS
A estrutura da nossa Irmandade foi forjada à custa dos ensinamentos da experiência… Assim se deu com A. A. Pela fé e através das obras fizemos valer as lições de uma incrível experiência. Essa fé e essas obras estão hoje presentes nas Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos que – se Deus quiser – manterão nossa unidade durante todo o tempo que Ele precisar de nós.
Deus me permitiu o direito de estar errado para que nossa Irmandade exista com ela é hoje. Se coloco a vontade de Deus em primeiro lugar na minha vida, é muito provável que A. A., como eu o conheço, permanecerá como está hoje.
Fonte: Reflexões Diárias – pag. 306 / 24 de Outubro)
PRIMEIRA TRADIÇÃO
Dezembro de 1947
Todo o nosso programa de A. A. está firmemente baseado no princípio de humildade – quer dizer, de perspectiva. Isso supõe, entre outras coisas, que logramos relacionar-nos de forma devida com Deus e com nosso semelhante; que nos vejamos a nós mesmos como realmente somos – “uma pequena parte de um grande todo”. Ao vermos assim ao nosso semelhante desfrutaremos da harmonia de nossos Grupos. Por está razão, a tradição de A. A. pode dizer com confiança: “Nosso bem estar comum deve estar em primeiro lugar”.
Alguns perguntarão: “Isto quer dizer que em A. A., o indivíduo não tem muita importância? Será dominado pelo seu Grupo e absorvido por ele?”
Não, não parece que seja assim. Talvez não haja na terra sociedade que se preocupe mais com o bem estar pessoal de seus membros, que esteja mais disposta a conceder ao individuo a maior liberdade possível para crer e atuar. Em Alcoólicos Anônimos, nunca se ouvem as palavras “tem que”. Poucos são os Grupos que nos impõem castigos pelo não cumprimento de normas. Nós sugerimos, mas nunca castigamos. O cumprimento ou não de qualquer princípio de A. A. é um assunto que fica a cargo da consciência de cada individuo; ele é o juiz de sua própria conduta. Seguimos ao pé da letra as antigas palavras “não julgarás”.
“Mas,” alguns protestam. “se A. A. não tem autoridade para governar seus membros ou seus Grupos, como pode estar seguro de que o bem estar comum deve estar em primeiro lugar? Como é possível ser governado sem um governo? Se cada um faz o que lhe agrada? Como é que isso não é uma pura anarquia?”
A resposta parece ser que na realidade nós Aas não podemos fazer o que queremos, mesmo que não haja nenhuma autoridade humana constituída que nos impeça. Efetivamente, nosso bem estar comum está protegido fortemente. Assim que, qualquer ação põe em perigo o bem estar comum, a opinião do Grupo se mobiliza para nos lembrar, nossa consciência começa a reclamar. Se alguém persiste, pode ser que fique transtornado o suficiente para embebedar-se e o álcool lhe dá uma surra. A opinião do Grupo lhe indica que se desviou, sua própria consciência lhe diz que está equivocado; e se vai longe demais, o álcool acaba o convencendo de seu erro.
Assim chegamos a nos dar conta de que, em assuntos que afetam profundamente o Grupo no seu todo, “nosso bem estar comum deve estar em primeiro lugar. Acaba a rebeldia e começa a cooperação, porque tem que ser assim; nos disciplinamos a nós mesmos.
Assim sendo, acabamos cooperando porque desejamos fazê-lo; vemos que sem uma unidade substancial, o A. A. não pode existir e que, sem o A. A., nenhuma recuperação duradoura pode ser possível para ninguém. Colocamos as ambições pessoais de lado quando estas podem prejudicar ao A. A. Humildemente, confessamos que não somos senão “uma pequena parte de um grande todo”.
(Fonte: A Linguagem do Coração – pags. 91 e 92)
ANONIMATO
“11ª Tradição – Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção. Cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.”
De outro lado, temos a clássica história envolvendo Bill, Dr. Bob e alguns de seus amigos. Conta-nos Bill que, “quando se soube com toda a segurança que o Dr. Bob estava para morrer, alguns de seus amigos sugeriram que se erguesse um monumento ou mausoléu em sua homenagem e à sua esposa Ane – algo digno de um fundador e de sua esposa”. Naturalmente, esse era um tributo muito espontâneo e natural. O comitê chegou inclusive a mostrar-lhe um esboço do monumento proposto. Contando-me a esse respeito, o Dr. Bob sorriu e disse:
“Deus os abençoe”. “Eles têm boa intenção, mas pelo amor de Deus, Bill, que sejamos enterrados, tanto você como eu, da mesma maneira como são todas as pessoas.”
O que nos deixa perplexo, é o fato do nosso co-fundador haver escrito há 35 anos atrás a realidade do mundo moderno.
A Tradição em A.A.: Como surgiu?
Bill e os demais pioneiros de A.A. perceberam já nos primeiros dias, que aquele movimento que estava se iniciando funcionaria para alguns alcoólicos se recuperarem, mas o problema de viver e trabalhar juntos era algo mais. E foi pensando dessa forma, que olhando da janela da sala de estar da casa do Dr. Bob, em 1937, antes mesmo de A.A. ter este nome, eles perceberam pela primeira vez que os alcoólicos poderiam se recuperar em grande escala, mas ao olhar para o futuro, perguntas inquietantes vieram às suas mentes: “Poderíamos nós, alcoólicos recuperados, permanecer juntos?”, Poderíamos levar a mensagem de A.A.?”, Poderíamos funcionar como grupos ou como um todo?”. Ninguém podia responder a estas perguntas. A grande pergunta era: “Explodíramos nós ou poderíamos viver juntos?”. “E sem o Grupo, o que seria de nós?” Perguntas realmente inquietantes já àquela época, com o movimento apenas se iniciando.
Pois bem, as respostas a estas perguntas vieram nos anos seguintes e tiveram a sua origem nos próprios Grupos. Desde 1937, já contávamos com o auxílio de um Escritório e grande parte do trabalho de Bill W. neste escritório era cuidar da correspondência. A maioria da correspondência pedia orientação para a abertura de novos Grupos ou pediam sugestões para a solução de problemas de funcionamentos dos grupos. A idéia da criação de diretrizes para funcionamento de grupos surgiu justamente da crescente correspondência com pedidos de ajuda.
Bill descreveu o problema assim, tal como ele existia em meados da década de 40:
“As soluções dos problemas dos Grupos, através da correspondência, havia imposto um grande volume de trabalho ao Escritório Central. As cartas enviadas enchiam os nossos arquivos. Ao que pareciam todos os briguentos de todas as rixas existentes em cada Grupo nos escreveram durante aquele período confuso.”
E mais adiante ele continua:
“As idéias básicas para as Doze Tradições vieram diretamente dessa vasta correspondência. Em fins de 1945, um grande amigo de A.A. sugeriu que toda aquela massa de experiência poderia ser codificada em um conjunto de princípios capaz de oferecer um conjunto de soluções comprovadas para todos os nossos problemas de convivência e trabalho conjunto e de relacionamento da nossa Irmandade com o mundo externo”.
A denominação “Tradições” dada a esses princípios, atesta a genialidade de Bill. Se tivessem sido chamados de “leis”, “regras”, “estatutos” ou “regulamentos”, esses princípios talvez nunca fossem aceitos pelos membros. Bill conhecia muito bem seus companheiros alcoólicos; ele sabia que nenhum bêbado que se auto-respeitasse, sóbrio ou não, se submeteria docilmente a um conjunto de “leis” – isso seria autoritário demais!
Entretanto, a denominação “Tradições” só foi adotada em abril de 1946. Inicialmente Bill as chamou de “Doze Pontos para Garantir o Nosso Futuro” porque as entendia como diretrizes necessárias à sobrevivência, à unidade e à eficiência da Irmandade.
As Tradições em A.A. representam a experiência extraída de nosso passado e nos apoiamos nelas para nos manter em unidade, através dos obstáculos e perigos que nos possa trazer.
“Em nossas Doze Tradições, temos nos colocado contra quase todas as tendências do mundo “lá fora”. Temos negado a nós mesmos o governo pessoal, o profissionalismo e o direito de dizer quais deverão ser nossos membros. Abandonamos a beatice, a reforma e o paternalismo. Recusamos o generoso dinheiro de fora e decidimos viver à nossa custa. Queremos cooperar com praticamente todos, mas não permitimos que nossa sociedade seja unida a nenhuma. Não entramos em controvérsia pública e não discutimos, entre nós, coisas que dividem a sociedade: religião, política e reforma. Temos um único propósito, que é o de levar a mensagem de A.A. para o doente alcoólico que a deseja. Tomamos essas atitudes, não porque pretendemos virtudes especiais ou sabedoria; fazemos essas coisas porque a dura experiência nos tem ensinado que A.A. tem que sobreviver num mundo conturbado como é o de hoje. Nós também abandonamos nossos direitos e nos sacrificamos, porque precisamos e, melhor ainda, por que quisemos. A.A. é uma força maior do que qualquer um de nós; ele precisa continuar existindo ou milhares de alcoólicos como nós certamente morrerão”.
Escrevendo sobre o Anonimato, Bill W. diz em certo trecho:
“Começamos a perceber que a palavra anônimo tem para nós uma grande significação espiritual. De maneira sutil, mas vigorosamente, lembramo-nos de que devemos colocar os princípios antes das personalidades; que renunciamos à glorificação pessoal em público; que. nosso movimento não apenas prega, porém pratica uma verdadeira humildade”.
Foi dentro desse princípio, de ajudar anonimamente, que Bill W. recusou o título de Doutor Honoris Causa que lhe fora oferecido por uma Universidade Norte americana; nesse mesmo passo, Bill W. renunciou a grande soma de dinheiro a ele oferecida por companhias cinematográficas norte-americanas, para filmar a sua vida; foi esse mesmo Bill que, recusando o prestígio pessoal, não permitiu que o seu retrato fosse estampado na capa da revista “Times”, quando de uma reportagem que ele solicitara sobre Alcoólicos Anônimos.
Em seu artigo: “Por que o A.A. é Anônimo” ele diz entre outras coisas:
“Como nunca, a luta pelo poder, prestígio e riqueza, está arrasando a civilização – homem contra homem, família contra família, grupo contra grupo, nação contra nação”. Quase todos aqueles envolvidos nessa violenta competição declaram que seus objetivos são: a paz e a justiça para eles mesmos, para seus semelhantes e para suas nações. “Dê a nós o poder”, eles dizem, e faremos justiça: dê a nós a fama, e daremos nosso grande exemplo; dê a nós o dinheiro, e ficaremos satisfeitos e felizes. As pessoas do mundo inteiro acreditam profundamente nisso e atuam de acordo com isso. Nessa espantosa bebedeira seca, a sociedade parece estar entrando num beco sem saída. O sinal “pare” está claramente marcado. Ele anuncia “desastre”.
Toda a Irmandade tem conhecimento de que o Anonimato foi o tema que mais preocupou os nossos co-fundadores, haja vista a maneira errônea como tem sido interpretado pela maioria. A prova disso está no fato ocorrido quando de sua última mensagem enviada aos companheiros que lhe prestavam solidariedade, por ocasião dos seus 36 anos de sobriedade. Já sem forças, Bill pediu a Lois – sua esposa – que o representasse, lendo aos companheiros solidários a seguinte mensagem:
“… meus pensamentos hoje são cheios de gratidão para com a nossa Associação, pelo sem número de bendições que nos tem dado a graça de Deus. Se me perguntassem qual dessas bendições era responsável por nosso crescimento como associação e mais vital para nossa continuidade, eu diria: “O Conceito do Anonimato””.
Feitas estas considerações, resta-nos à luz da literatura e experiências pessoais, vivenciadas no dia-a-dia de nossa recuperação, entrar no ponto axial do tema proposto, cuja essência está inserida nas 11ª e 12ª Tradições:
“Ao fim, se nenhum de nós desperdiçarmos publicamente nosso valor, ninguém possivelmente irá explorar A.A. para benefício pessoal. O Anonimato não é apenas algo para nos salvar da vergonha e do estigma alcoólico; seu propósito mais profundo é, na verdade, manter nossos egos tolos, sob controle, evitando que corramos atrás do dinheiro e da fama pública à custa de Alcoólicos Anônimos”.
Com efeito, ainda em seu artigo “Por que Alcoólicos Anônimos é Anônimo”, Bill afirma:
“… o temporário ou aparentemente bom pode muitas vezes não ser aquilo que é sempre o melhor. Quando se trata da sobrevivência de A.A., nem o nosso melhor será bom o suficiente.”
E conclui:
“Agora nos damos conta de que cem por cento do anonimato diante do grande público é tão vital para a vida de A.A., como cem por cento de sobriedade o é para a vida de cada membro em particular”.
SUGESTÕES PARA LEITURA
5. Anonimato
5.1. A respeito de colocar a tradição do anonimato em primeiro lugar
Box 4-5-9, Natal / 1988 (pág 10-11) =>http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday88.pdf
Titulo original: “Respecto a colocar en primer lugar la tradicion de anonimato”.
Recentemente, em uma reunião de Grupo celebrada em Nova Jersey, um dos participantes propôs uma modificação de grande monta na literatura de A.A. Provocou alguma comoção. A proposta era que a Décima Segunda Tradição, também conhecida como a tradição do anonimato, fosse “elevada” da última da lista para ser dali em diante a Primeira Tradição. Um dos temas tratados nessa reunião, foi como reativar a consciência interna da Irmandade a respeito da importância do anonimato para o futuro desenvolvimento e sucesso de A.A. O membro em questão usou o seguinte argumento: Se o anonimato é de primeira importância para o bem estar de A.A. – e certamente é, então a tradição do anonimato deve ser a primeira e não a última e por conseguinte deve encabeçar a lista. Considerando o mal compreendido que devem estar o significado e o propósito por parte dos membros em geral, esta sugestão parecia ter seu mérito. Efetivamente, esta nova lógica quase nos estava gritando que o “álcool” e o “anonimato” eram as palavras-raízes do nome da Irmandade. Portanto, já que o “álcool”e o tema e o impulso principal do primeiro dos Doze Passos, não seria justo e apropriado que “anonimato”, com a mesma importância no que diz respeito à Irmandade, fosse o tema e o impulso principal da primeira das Doze Tradições? Parece fazer sentido. Mas, realmente o tem? Alguns dias depois dessa reunião em Nova Jersey, o subcomitê de Informação Pública dos Custódios foi informado desta proposta – e seguiu-se uma discussão muito instrutiva da qual surgiu, aliás, com grande rapidez, evidência incontrovertível de que a Decima Segunda Tradição, a tradição do anonimato, é a décima segunda e última porque assim deve ser. De acordo com a exposição do membro do comitê, na mente da maioria dos principiantes – inclusive na de grande parte de membros com vários anos de sobriedade, e com certeza para a maioria das pessoas de fora da Irmandade, “anonimato”equivale a “vergonha”ou “medo”,e praticar o anonimato é esconder-se. Esta é, de fato, a impressão provocada pela palavra “anonimato” quando não é devidamente explicada, principalmente no que se refere aos membros de A.A. Se o mero ou simples anonimato, não explicado, fosse o tema da Primeira Tradição, não iria ser convidativo para o leitor explorar as outras onze, nas que se baseia a tradição do anonimato. Pelo contrário, poderia causar repulsão e, portanto privá-lo, talvez para sempre, de um dos verdadeiros tesouros de A.A. Portanto, os motivos do anonimato estão explicados cuidadosa e individualmente nas onze tradições que lhe precedem, com a finalidade de que o membro de A.A. ao chegar à Décima Segunda tenha plena consciência das lições que aprendeu, assim como o consolo, a tranquilidade e outros benefícios derivados da prática do anonimato. De acordo com o comitê, ninguém propôs que o Décimo Segundo Passo, que começa dizendo “Tendo experimentado um despertar espiritual, por meio destes Passos…” – quer dizer, os onze anteriores, deveria mudar de lugar na série, passado último para o primeiro. De forma semelhante, as lições, os objetivos e os benefícios descritos nas primeiras onze tradições estão resumidos e consumados na Decima Segunda Tradição que diz “O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades”. Teria algo de ruim (ou “anti-programa”) pôr em dúvida a colocação da tradição do anonimato e depois dedicar uma séria discussão ao assunto? Definitivamente, não. Desde tempos remotos, quando a literatura básica de A.A. começou a ser publicada, sempre houve membros que encontraram palavras ou locuções que, no seu modo de ver, deveriam ser mudadas. Talvez algumas frases inteiras deveriam ser riscadas ou alguns parágrafos suprimidos, ou reorganizados – ou removê-los para outro lugar. Por muito acertada que possa parecer alguma correção ao primeiro olhar, uma consideração mais aprimorada demonstra, a maioria das vezes, que, com relação ao que precede e segue, o conteúdo é precisamente o que deve ser e está onde deve estar sem possibilidade de “melhorá-lo”.Aos que propuseram a mudança, assim como aos demais, a discussão lhes ensinou o raciocínio original que colocou a tradição do anonimato como a décima segunda e última, e ainda deu a este raciocínio uma nova e viva força.
5.2. Fotografias nos eventos de A.A.: Pensar antes de clicar
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2007 (pág. 3-4) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_febmar07.pdf
Título original: “Fotos en los eventos de A.A. Pensar antes de pulsar”.
Atualmente, quando se podem bater fotos dos nossos amigos de A.A. com um rápido movimento de “focalizar e clicar”a partir de qualquer telefone celular, está mais fácil que nunca esquecer a Decima Primeira Tradição de A.A. que diz: “Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no radio e em filmes”. E de fato, esta Tradição resistiu às provas do tempo.
Na Conferência de Serviços Gerais de 1974, Ruth H., então Delegada do Sudeste de Nova York, disse: “Recentemente um membro local tirou fotos de todos os assistentes a um aniversário pessoal, sem perguntar a ninguém se queria ou não ser fotografado. O participante de honra (que está sóbrio há muitos anos em A.A.) foi fotografado junto com os oradores e cortando o bolo, como se fosse um casamento. Quando perguntou ao fotógrafo se havia pedido permissão aos assistentes para tirar fotos, ele disse: ‘É o meu Grupo e a câmera é minha’”. Em outro caso, relatou Ruth, um membro que tinha sido fotografado na reunião de seu aniversario, “ingenuamente colocou a fotografia na mesa da sala de estar da sua casa. Um vizinho entrou, olhou e indicou com o dedo
outra pessoa na foto dizendo ‘não sabia que ele era membro de A.A.’”. Esse assunto, disse Ruth, “foi apresentado na assembleia de Área. Alguns disseram: ‘todo mundo me via bêbado, porque haveria de me esconder em A.A.?’”. Outros opinavam que se poderia afugentar os principiantes, ou, pelo contrário, os principiantes podem pensar que ficaria bem chegar na próxima reunião de aniversário munido de uma câmera. Depois de discutir o assunto, Ruth disse,
“a assembleia aprovou a moção de que nosso comitê de Área‘sugere energicamente’ que não sejam feitas fotografias em nenhuma reunião de A.A. – para proteger o anonimato de todos os presentes e não afugentar os participantes, uma vez que fazer fotos viola ‘o espirito da Primeira, Décima Primeira e Décima Segunda Tradições’”. Atualmente, a decisão de fazer ou não fazer fotos de membros de A.A. nos eventos de A.A. é um assunto de consciência de Grupo. Por exemplo, antes ou depois do último café da manhã/almoço da Conferência de Serviços Gerais, são feitas muitas fotografias – mas não durante nenhuma das sessões plenárias. De acordo com um membro do pessoal do Escritório de Serviços Gerais – ESG, a experiência coletiva de A.A. indica que deve ser consultada a consciência de Grupo antes de tomar uma decisão desse tipo. Se a consciência de Grupo não aprova que se façam fotos, seria prudente anunciar essa decisão de forma reiterada a todo o Grupo. E em todos os casos, antes de fazer uma fotografia de um ou mais membros, é sugerido pedir permissão tanto a eles como ao servidor indicado pelo Grupo para lidar com esse assunto. Repetidamente, a experiência demonstrou aos AAs que estar no foco do público é perigoso para a nossa sobriedade pessoal – e para nossa sobrevivência coletiva se quebramos o anonimato
diante do público e depois nos embriagamos. Mas, como disse Bill W., nosso cofundador, “era preciso dar a conhecer A.A. de alguma maneira. Assim, recorremos à ideia de que seria muito melhor deixar que nossos amigos o fizessem por nós” – entre eles, nossos sete Custódios não alcoólicos (no Brasil são quatro). Podem ficar na frente das câmeras ou utilizar seus nomes completos sem risco para si próprios ou para a Irmandade. Assim, fazem chegar a mensagem de A.A. a muitos alcoólicos doentes e aos profissionais que os assessoram e cuidam deles. Numa seção do Livro de Trabalho de Informação Pública são oferecidas sugestões “Para levar a mensagem através dos meios de comunicação”. Sugere que quando um membro de A.A. aparece na TV, o rádio ou internet, e se identifica como tal, “será prudente fazer alguns acertos anteriores com o entrevistador para que seja utilizado apenas o primeiro nome, e para que sua imagem apareça em forma de silhueta, sem possibilidade de ser identificada. Na Conferência de Serviços Gerais de 1968, foi manifestada a opinião de que‘aparecer na TV de uma maneira que se possa ver todo o rosto é uma quebra de anonimato ainda que não seja revelado o nome completo’”.Entretanto, se um membro de A.A. aparece publicamente como um alcoólico em recuperação, mas não revela que é membro de A.A., “não há nenhum problema com respeito ao anonimato. O membro aparece como qualquer outro convidado pode utilizar seu nome completo e sua imagem pode ser reproduzida normalmente”. É importante ter em conta que “um membro de A.A. que apareça como tal, com o anonimato protegido, em um programa de entrevistas deve explicar com antecedência ao entrevistador que os AAs tradicionalmente limitam seus comentários ao programa de A.A. O membro não se apresenta como um especialista nem fala a respeito da doença do alcoolismo, as drogas, o índice de suicídios, etc.”. Tradicionalmente, “os AAs falam por si próprios, não pela Irmandade em seu conjunto”. Geralmente costumam ressaltar que “o único interesse de A.A. é a recuperação e a sobriedade continuada” dos alcoólicos que procuram a Irmandade em busca de ajuda. E que, “quando falamos como membros de A.A. nos asseguramos de dizer que A.A. não opina sobre assuntos alheios à Irmandade”.
Ao refletir sobre as nossas Tradições de anonimato no número de outubro de 1948 da Grapevine, Bill W. expressou com franqueza e um toque de humor, uma ideia que ainda tem ressonância na atualidade: “Temos bons amigos à direita e à esquerda, tanto entre os proibicionistas como entre os anti proibicionistas. Como a maioria das sociedades, às vezes somos escandalosos – mas nunca em público… Nossos amigos da imprensa e do rádio superaram-se a si próprios. Qualquer um pode ver que parecemos estar mimados. Nossa reputação já é muito melhor que o nosso caráter real”.
5.3. Mais perguntas sobre o anonimato
Box 4-5-9, Primavera (Mar.) 2013 (pág 1-2) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_spring13.pdf
Título original: “Más preguntas sobre el anonimato”
No número de outono (Set.) de 2012 do Box 4-5-9 apareceram várias perguntas e respostas relacionadas com o anonimato a nível pessoal – por exemplo, durante as reuniões de A.A. e diante do público, baseadas na Décima Primeira Tradição de A.A. (N.T.:1). Como indicado no primeiro parágrafo desse artigo, aquelas perguntas e respostas era apenas uma pequena parte das indagações que chegam ao Escritório de Serviços Gerais – ESG, em Nova York. Neste artigo trataremos de algumas mais.
Pergunta. –
Faz pouco tempo, num artigo da imprensa (ou Internet ou vídeo) apareceu a fotografia de um membro de A.A. acompanhada do seu nome completo. O ESG irá encaminhar a esse membro algum comunicado para indicar-lhe que isso é uma violação da Tradição do anonimato?
Resposta. –
A resposta do membro do pessoal do ESG lotado na seção de Informação Pública é muito provável que seja algo parecido com o seguinte: “Permita-me que lhe explique como tratamos as quebras de anonimato aqui no ESG. Quando chega ao ESG uma noticia de quebra de anonimato documentada e pode ser identificada a Área onde mora o membro em questão, enviamos uma cara ao Delegado dessa Área, com cópias do artigo ou transcrição e umas cartas-modelo de resposta adaptáveis à situação. O Delegado normalmente escreve ao membro. Este procedimento está baseado numa Ação Recomendável da Conferência.
De maneira geral, não contatamos os profissionais da mídia com referência a quebras de anonimato quando suas reportagens foram baseadas em informações facilitadas por um membro de A.A. Pedimos a colaboração da imprensa naquilo relacionado com manter nossa Tradição de anonimato, mas esses profissionais não são obrigados a seguir nossas Tradições a esse respeito. A responsabilidade de respeitar a Tradição do anonimato não cabe aos profissionais da mídia, mas ao membro individual de A.A. Tratamos sempre de nos comunicar de uma maneira não punitiva e que não possa ser
interpretada como tal de maneira a não provocar ainda mais controvérsia escrevendo alguma coisa que possa ser publicada mais tarde num jornal, revista, etc. como sendo ‘A opinião de A.A.’” Pergunta. – O membro do pessoal do ESG envia a mesma carta de “Quebras de Anonimato”ao Delegado quando num obituário está indicado que o falecido era membro de A.A. e também são publicados os nomes completos de outros membros de A.A.?
Resposta. –
De maneira geral, aos membros de A.A., parece-lhes pouco sensato quebrar o anonimato de um membro inclusive depois de morto, mas em todo caso, a decisão final sobre essa questão cabe à família do membro. Entretanto, os membros de A.A. concordam com que deva ser respeitado o anonimato dos membros vivos citados nos obituários ou em qualquer folheto comemorativo ou nota necrológica.
Pergunta. –
Tem A.A. em seu conjunto uma política geral que se refira ao anonimato póstumo dos cofundadores, Bill W. e o Dr. Bob?
Resposta. – Não. Mas no ano de 2001a Junta de Serviços Gerais aprovou a seguintes normas para servir como guia aos AAs em toda atividade de informação publica relacionada com os cofundadores de A.A.: “As normas de informação pública do ESG devem servir para guardar ao máximo possível o
anonimato dos membros de A.A. vivos ou mortos, incluindo os cofundadores. A seção de Informação Pública existe no que se refere ao público em geral, como uma fonte de informação relacionada com o programa de recuperação da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, não como fonte de informação sobre membros individuais de Alcoólicos Anônimos, vivos ou mortos. Na medida em que já se encontra na nossa literatura de A.A. informação não anônima sobre
os nossos cofundadores, a qual está disponível ao público em geral, podem ser dirigidas as solicitações de informação a estes textos. A seção de Informação Pública pode facilitar copias dessa informação aos meios de comunicação. Não deve ser oferecida voluntariamente nem facilitar
informação adicional, por respeito aos princípios tradicionais de anonimato de A.A., ou pela alta estima que os cofundadores, como membros da Irmandade de Alcoólicos Anônimos. Tinham por estes princípios. Não deve ser facilitada informação sobre outros membros de A.A., antigos ou atuais, sob
nenhuma circunstância”.
Pergunta. –
Os cofundadores fizeram, eles mesmos, algum comentário a respeito do anonimato póstumo?
Resposta. – No livro “A.A. Atinge a Maioridade”, Bill escreve: “O Dr. Bob era essencialmente uma pessoa mais humilde que eu. De alguma forma era uma pessoa espiritual ‘natural’ e o anonimato lhe resultava fácil. Não podia entender porque algumas pessoas precisavam de tanta publicidade. Nos anos que precederam à sua morte, seu exemplo pessoal de respeito ao anonimato ajudou-me muito a guardar o meu próprio. Lembro particularmente, uma comovente ocasião que acredito que todos Aas deveriam conhecer. Quando foi comunicado que tinha uma afecção mortal, alguns de seus amigos sugeriram que se erguesse um monumento ou mausoléu na sua honra e na da sua mulher Anne, alguma coisa digna de um fundador e sua esposa. Certamente, este foi um tributo muito natural e espontâneo. O comitê criado para esse fim chegou inclusive a lhe mostrar a maquete do monumento proposto. Comentando isto comigo, o Dr. Bob sorriu e disse: ‘Deus os abençoe. Têm boas intenções. Mas pelo amor de Deus, Bill, Porque não nos enterram a você e a mim como aos demais? Um ano depois da sua morte visitei o cemitério de Akron onde repousam os restos mortais do Dr. Bob e Anne. A simples lápide mortuária não diz uma única palavra a respeito de Alcoólicos Anônimos. Algumas pessoas podem pensar que este casal maravilhoso levou longe demais o anonimato pessoal ao recusar, com firmeza, usar as palavras ‘Alcoólicos Anônimos’até na lápide. Da minha parte não acredito que seja assim. A mim parece-me que este último e comovente exemplo de humildade tem um valor mais duradouro para A.A. que qualquer publicidade espetacular ou mausoléu majestoso”.
Pergunta. –
Já sei que na literatura de A.A. Bill escreveu muito a respeito do anonimato, mas estou seguro que ele não poderia ter previsto a explosão tecnológica moderna. Como protegemos o anonimato on-line?
Resposta. –
A comunicação em A.A. nos dias atuais flui de um alcoólico para outro através da tecnologia de ponta, de uma maneira relativamente aberta que vai evoluindo com muita rapidez. A proteção do anonimato é a preocupação principal dos membros, cada vez mais numerosos, que acessam a Internet.Um recurso orientador da experiência compartilhada de A.A. referente aos sítios da Web é o artigo de serviço do ESG “Perguntas frequentes a respeito dos sítios Web de A.A.”(N.T.:2). A pregunta de número 7 diz: “E, enquanto ao anonimato?”. Sua resposta: “Observamos todos os princípios e Tradições de A.A. em nossos sítios Web. Uma vez que o anonimato é ‘o alicerce espiritual das nossas Tradições’, praticamos o anonimato em todo Este folheto foi atualizado pela 61ª Conferência de Serviços Gerais em maio de 2011. No passado outono (Set. 2012), o Comitê deInformação Pública dos Custódios pediu que fosse atualizada a capa para comunicar melhor os membros a respeito do conteúdo de uma ampla variedade de informação a respeito do anonimato nos meios eletrônicos e nas redes sociais, sobre o anonimato póstumo e como falar do anonimato aos membros da sua família. Momento em todos os sítios Web de A.A. Um sítio Webde A.A. é um meio de comunicação público que tem a capacidade de alcançar a audiência mais diversificada e numerosa possível e, portanto, é necessário valermos-nos da mesma proteção que utilizamos diante da imprensa, do rádio e o cinema. Ao utilizar os meios digitais, os membros de A.A. são responsáveis pela proteção do seu próprio anonimato e o dos demais. Quando enviamos mensagens de texto ou escrevemos num blog devemos assumir que estamos fazendo uma divulgação pública. Quando quebramos nosso anonimato nestes fóruns, é possível que, inadvertidamente, quebremos o anonimato de outros”.(Ver “Guia de Orientação na Internet”, Junaab, código 245).
Para mais informação sobre o anonimato “on-line”, ver o folheto “Compreendendo o Anonimato”, (ao lado) (N.T.:3) recém-reimpresso com nova capa contendo arte e símbolos para representar a grande variedade de recursos para que os membros de A.A. protejam seu anonimato e o dos seus companheiros.
5.4. O anonimato – a humildade em ação
Box 4-5-9, Ago. Set. / 1996 (pág. 1-2) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_aug-sept96.pdf
Título original: “El anonimato: la humildad en acción”.
Nesta década de 1990, na que se considera Alcoólicos Anônimos como uma força do bem, parece que cada vez mais membros bem-intencionados,incluindo uma multidão de celebridades bem conhecidas, revelam seus nomes como membros de A.A.nos meios de comunicação e fazem alarde da sobriedade alcançada na Irmandade – sempre com a intenção de ajudar o alcoólico que ainda sofre. Talvez não conheçam a Tradição do Anonimato, ou a considerem como algo fora de moda ou, ainda, que acreditem que o mais importante é procurar que a mensagem seja difundida. Isto não é novidade. Como escreveu Bill W., cofundador de A.A., faz mais de 40 anos, no número de janeiro de 1955 na revista Grapevine: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias de experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maioria delas ensinam-nos as mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somos os maiores racionalizadores do mundo; que fortalecidos com o pretexto de fazer coisa boas porA.A., quebrando nosso anonimato, poderemos
estar reiniciando nossa velha busca desastrada pelo poder e prestígio pessoal, as honras públicas e o dinheiro – os mesmos impulsos implacáveis que antes, ao serem frustrados, fizeram-nos beber; as mesmas forças que atualmente desgarram o mundo. Além do mais, deixam muito claro o fato de que uma quantidade suficientemente grande de pessoas que quebraram seu anonimato de forma sensacionalista, poderia arrastar consigo a nossa Irmandade inteira para uma rua sem saída”. Como nos indica a literatura de A.A., as Doze Tradições pedem-nos repetidamente que renunciemos a nossos desejos pessoais em favor do bem comum, e assim levem-nos a compreender que o espirito de sacrifício, simbolizado pelo anonimato, é a base de todas as nossas Tradições. Tudo isto é muito bom, mas, como indivíduos e como membros de um Grupo, qual é a melhor maneira de colocar em prática este princípio? Quais os critérios que utilizamos para abrir o anonimato? E, o que podemos fazer para evitar as quebras do anonimato? Em 1988 uma onda de quebras de anonimato conduziu à formação de um subcomitê especial do Comitê de Informação Pública da Junta de Serviços Gerais. Sua tarefa, que não tinha nada a ver com culpar os meios de comunicação e tinha muito a ver com o fato de que a Irmandade deveria fazer seu próprio inventario, tinha duas facetas: elevar a consciência dos membros “a respeito do propósito do anonimato e porque é vital nossa sobrevivência como Irmandade; e pedir aos AAs de todos os lugares que ajudem a proteger esta salvaguarda”. Faz alguns meses, enquanto o subcomitê estava-se preparando para se dissolver depois de seis anos de esforços intensos, seus membros chegaram à conclusão de que quantos mais Distritos, Áreas e Grupos de A.A. compartilhem sua experiência a respeito da Tradição do Anonimato, mais saudável ela se tornará e mais saudáveis ficaremos nós. Com essa finalidade, o comitê sugeriu uma série de temas de discussão. A seguir, aparecem alguns deles, acompanhados de algumas das muitas respostas encontradas na literatura de A.A.
Pergunta:
Qual é a relação entre o anonimato e “o egoísmo – o egocentrismo… a raiz de todos nossos problemas”como Bill W. descreve no Livro Grande?
Resposta:
Bill W. com frequência advertia que se nos esquecermos do princípio do anonimato, iria se abrir a caixa de Pandora (*) do egoísmo, liberando os espíritos da ambição mundana tão perniciosos para nossa sobrevivência. Portanto, explicava, “a essência espiritual do anonimato é o sacrifício dos nossos desejos pessoais em prol do bem comum”.
Pergunta:
Como tratamos o assunto do anonimato dentro do Grupo?
Resposta:
De maneira geral, não escondemos de ninguém a nossa identidade nos nossos Grupos e reuniões. Entretanto, cada individuo e cada Grupo têm o direito de utilizar seus próprios métodos. Porém, de acordo com o espirito das Tradições, é necessário que percebamos que o principio do anonimato é bom para todos nós; devemos sempre ter presente que a segurança e a eficácia futuras de A.A. dependem da sua conservação. Ao mesmo tempo, todos os membros de A.A. devem ter o privilégio de vestir-se de tanto anonimato pessoal quanto desejem.
Pergunta:
E o anonimato pessoal a nível público?
Resposta:
A nível pessoal, o anonimato assegura que os membros não sejam identificados como alcoólicos; a nível da imprensa, a radio, a televisão e o cinema, ressalta a igualdade de todos os membros ao colocar um freio naqueles que poderiam se aproveitar de sua afiliação a A.A. para conseguir reconhecimento, poder e ganância pessoal.De acordo com a Décima Primeira Tradição – forma longa, “Nossa relações com o público em geral devem caracterizar-se por um anonimato pessoal. Acreditamos que A.A. deve evitar a publicidade sensacional. Nossos nomes e fotografias, na qualidade de membros de A.A., não devem ser divulgados pelo radio, cinema ou imprensa. Nossas relações com o público devem orientar-se pelo princípio da atração e não da promoção. Nunca há necessidade de elogiarmos a nós mesmos. Achamos melhor deixar que nossos amigos nos recomendem”.
Pergunta:
Colocamos e um pedestal alguns AAs?
Resposta:
Em um artigo publicado no número de outubro de 1947 da revista Grapevine, Bill W. falou da síndrome do pedestal: “Por alguma razão, parece que qualificativo ‘fundador’chegou a se aplicar exclusivamente ao Dr. Bob e a mim… Este sentimento nos é muito comovedor…
entretanto, começamos a nos perguntar se, no longo prazo, tal ênfase exagerado será bom para A.A.” Sua resposta a este situação esta na declaração explicita de que “como membros particulares de A.A. devemos ser anônimos perante o público em geral… o Dr. Bob e eu acreditamos que esta
saudável doutrina também deve aplicar-se a nós. Não pode haver nenhuma boa razão para abrir uma exceção com ‘os fundadores’. “Quanto mais tempo os pioneiros de A.A. ficarmos no centro do cenário, mais possível será que sentemos perigosos precedentes para estabelecer uma liderança personalizada e permanente. Para assegurar o bem futuro da Irmandade, não é precisamente isto que devemos evitar?… Embora sempre gostaríamos de ter a satisfação de ser lembrados entre os originadores, esperamos que vocês comecem a considerar-nos apenas como pioneiros e não como ‘fundadores’. Assim,
poderemos também nos juntar a A.A.?” O Dr. Bob morreu em novembro de 1950; Bill W., em janeiro de 1971 – e seu nome, fotografia e história apareceram pela primeira vez nos meios de comunicação do mundo todo. Na primavera daquele ano, a Conferência de Serviços Gerais determinou que “não é prudente quebrar o anonimato de um membro inclusive depois da sua morte, mas, em cada situação cabe à família tomar a decisão final”. A Conferência de 1992 reafirmou esta opinião acrescentando que “os Arquivos Históricos continuarão protegendo o anonimato dos AAs falecidos assim como o dos demais membros”. Considerando o atual (1996) numero de membros de A.A. – aproximadamente dois milhões no mundo todo, as quebras de anonimato ante o público, embora preocupantes quando acontecem porque podem representar perigo, de fato são relativamente poucas e incomuns. De acordo com um relatório com o título “As Origens do Anonimato”,apresentado pelo Comitê de Arquivos Históricos da Junta de Serviços Gerais à Conferencia de Serviços Gerais de 1989, “é possível que isto se deva ao fato de que, na medida em que a Irmandade vai amadurecendo, os membros alcançam uma compreensão cada vez mais clara do valor que tem o anonimato a nível publico para eles mesmos”.(*) N.T.: Caixa de Pandora é um artefato da mitologia grega, extraído do mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A “caixa” era na verdade um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do Mundo. Então Pandora, com sua curiosidade, abriu o frasco e todo o seu conteúdo, exceto um item, foi liberado para o mundo. O item remanescente foi a esperança. Hoje em dia, abrir uma “caixa de Pandora”significa criar um mal que não pode ser desfeito.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caixa_de_Pandora
5.5. O anonimato diante do público
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2004 (pág. 8-9) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_feb-mar04.pdf
Título original: “El anonimato ante el público”.
Uma figura de muita visibilidade do cinema se interna em um centro de tratamento; sai e aparece em um programa de televisão falando em termos elogiosos de “minha nova vida em A.A.” Poucos meses mais tarde sai publicada a noticia de que “novamente foi encontrado embriagado”. Um político apanhado em maus lençóis protesta, “o álcool me fez atuar desse jeito, porém agora assisto reuniões de A.A.” Ou, um escritor, bem intencionado, mas excessivamente entusiasmado, fala de sua “cura em A.A.” e promete publicar a sua história para “ajudar outros iguais a mim”. Passados seis meses aparece a noticia da sua “recaída”. O que faz a Irmandade frente a quebras de anonimato como estas e outras que acontecem a cada ano às centenas? O que fazem individualmente os membros de A.A. para ajudar? E, a quem cabe a responsabilidade? Como se percebe claramente nas cartas enviadas ao Escritório de Serviços, ESG, muitos membros de A.A. estão realmente preocupados, e de fato, alguns ficam com raiva devido a essas rupturas da Tradição do anonimato, à qual Bill W., chamava “a chave de nossa sobrevivência espiritual”. Entretanto, muitos desses companheiros desconhecem o que faz o ESG a
respeito, nem como eles próprios podem ajudar e contribuir para um efeito decisivo. A cada ano o Comitê de Informação ao Público da Junta de Custódios envia uma carta aos representantes dos meios de comunicação para lhes explicar a Tradição do anonimato de A.A. perante o público. Muito apropriadamente em nossa época de computadores, e diferentemente da primeira missiva um tanto verbal enviada em 1949, o texto, que aparece que aparece no sítio de A.A. – http://www.aa.org, é breve e conciso. No entanto, apesar das ligeiras revisões cosméticas feitas ao longo dos anos, a mensagem não mudou. Primeiro, há uma expressão de gratidão “pela ajuda que nos deram nossos amigos dos meios de comunicação que nos ajudaram a salvar inumeráveis vidas”.Logo pedimos às agências de mídia que continuem nos ajudando, apresentando os membros de A.A. unicamente por seu nome no registro civil sem divulgar fotos em que o membro possa ser reconhecido. “O anonimato tem uma importância fundamental para nossa Irmandade e oferece aos nossos membros a segurança de que sua recuperação será um assunto confidencial. Com frequência, o alcoólico ativo evita qualquer fonte de ajuda que possa revelar sua identidade”. A carta de anonimato mais recentemente redigida, em fevereiro de 2004, como de costume será publicada em três idiomas – inglês español e francês, e enviada a aproximadamente 10.000 jornais periódicos e emissoras de rádio e televisão nos EUA e Canadá, com a esperança de que os editores gerentes, repórteres, apresentadores de rádio e TV e muitos outros que trabalham nesse campo, especialmente os entrevistadores e que fazem reportagens sobre celebridades que são membros de A.A., a vejam, a leiam e a levem em conta. À carta e juntado um cartão de resposta com porte pago e outro cartão com informações básicas de A.A. Em muitas Áreas o Comitê de Informação ao Público local fazem copias do texto em papeis com seu timbre e as enviam aos representantes dos meios de comunicação locais. Embora façamos todo o possível para informar os meios de comunicação sobre nossa Décima Primeira Tradição, normalmente não mantemos contato direto com os profissionais que fazem suas reportagens baseados em informações fornecidas por membros de A.A. No folheto de A.A., “Compreendendo o anonimato”, nos é lembrado que não é da responsabilidade dos meios de comunicação manter nossas Tradições; é nossa responsabilidade pessoal. Portanto, quando o ESG toma conhecimento de uma quebra de anonimato diante do público, a Conferência de Serviços Gerais recomendou que o membro do pessoal locado do escritório de informação pública comunique o fato ao Delegado da área onde o incidente aconteceu. Dessa maneira, um membro local pode entrar em contato com o companheiro cujo anonimato foi violado para falar-lhe amigavelmente sobre a importância da Décima Primeira Tradição. O modelo de carta que se ajunta à nota dirigida ao Delegado diz o seguinte: “Talvez esta quebra de anonimato tenha ocorrido sem o seu consentimento ou sem você saber; entretanto, se for entrevistado no futuro, ficaremos muito gratos se tiver a gentileza de mencionar nossas Tradições de anonimato aos profissionais de mídia. Às vezes não as compreendem, mas, quase sempre as respeitam”. Ao final das contas, a experiência de A.A. indica que os que têm maior probabilidade de proteger nossas Tradições são os Grupos e os membros individuais. Cada vez que um Grupo realiza uma reunião focada nas Tradições, o cimento que mantém unida nossa Irmandade, ou lembra aos participantes ao abrir a reunião “o que aqui é dito, não sai daqui”,o conceito que vamos formando do anonimato diante do público vai ficando mais forte. A cada vez que um padrinho reforça ao iniciante a importância do anonimato diante do público, explicando-lhe, com palavras da Décima Primeira Tradição, que “a ambição pessoal não tem lugar em A.A.”, se torna mais forte o nosso anonimato coletivo. Talvez seja este o nosso meio principal para antepor a tudo nosso bem-estar comum.
5.6. O anonimato e as redes sociais
Box 4-5-9, Inverno (Dez.) 2009 (pág. 8-9) =>http:// http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday09.pdf
Título original: “El anonimato y el Internet” (Também traduzido e adaptado pelo CATI-JUNAAB para o Brasil)
No mundo atual com o ritmo acelerado da alta tecnologia, os membros de A.A. estão acessando a Internet em número cada vez maior e de forma que não poderia ter sido imaginado até dez anos atrás. O bate-papo online de membros em todo o mundo se tornou comum, e uma quantidade enorme de informações sobre o alcoolismo e AA é obtida apenas com um clique do mouse. Portanto, com a amplitude do alcance da Internet vieram desafios, preservar as Tradições de A.A. no universo online é um assunto importante para todos na Irmandade. Tal como acontece com vários temas que são abordados pelo AA, o Escritório de Serviços Gerais – ESG compilou um conjunto de Orientações sobre a Internet (MG-18) (no Brasil os Guias de orientação de A.A. na Internet aprovadas pela XXXIV CSG) com base na experiência compartilhada dos membros de A.A., através de seus comitês
e comissões, que cobrem muitas das questões que esta nova tecnologia nos trás. Uma dessas áreas de preocupação é a questão do anonimato
online, particularmente no que se refere aos sites de redes sociais, o que levou-nos a ter um olhar mais atento para a literatura de A.A. e como as Tradições de A.A. podem ser mais bem aplicadas neste meio popular de comunicação. “Qual é o propósito do anonimato em Alcoólicos Anônimos?” e,”Por que é frequentemente referido simplesmente como a melhor proteção que a Irmandade tem para garantir a sua existência e crescimento?”. Para estas perguntas a Conferência de Serviços Gerais de A.A. aprovou o panfleto, “Entendendo o anonimato”(EUA/Canadá), que esclarece sobre anonimato e as Tradições de A.A., trata da publicação em artigo de jornal/revistas ou sites na Internet, sobre o nome completo ou fotos de membros de A.A.. “Se olharmos para a história da AA, desde o seu início em 1935 até agora,”, diz o folheto,“é claro que o anonimato serve para duas funções diferentes, mas igualmente vitais:
Ao nível pessoal, o anonimato fornece proteção para todos os membros identificados como alcoólatras, um salvaguarda de segurança, muitas vezes de importância crucial para recém chegados. Ao nível da imprensa, rádio, TV, filmes e novas tecnologias de mídia como a Internet, o anonimato sublinha a igualdade na Irmandade de todos os membros, colocando um freio sobre aqueles que poderiam explorar sua filiação em AA para conseguir o reconhecimento, poder, ou ganho pessoal”. Quanto à pergunta específica, “Sobre o anonimato online?”,os Guias de Orientações de A.A.
na Internet dizem: “Um Web Site é um meio público, que tem o potencial de atingir o público mais amplo possível e, por conseguinte, exige as mesmas garantias que usamos ao nível da imprensa, rádio e cinema”.No entanto, o ESG recebe numerosas comunicações de membros preocupados com quebras
de anonimato online, uso inadequado do nome e direitos autorais e marcas registradas de A.A., matérias sendo indevidamente usados em sítios de redes sociais como Facebook, MySpace, Twitter, Orkute outros. Estes sítios oferecem aos indivíduos a oportunidade de postar uma grande quantidade
de informações pessoais (e outras), e também permitem que os usuários criem redes sociais de “grupos”ou “eventos” para pessoas com interesses afins. Alguns membros não publicam em seus perfis nada que seja relacionado ao A.A., enquanto outros entendem que é correta a publicação, desde que não seja especificamente mencionado A.A., já outros colocam abertamente a condição de membros de A.A. Um membro nos escreveu o seguinte: “Digitei ‘Alcoólicos Anônimos’num desses sítios de redes sociais e surgiu uma comunidade com mais de 6.600 membros. Entendi que parecia ser um lugar seguro para frequentar por isso achei que estava tudo bem. Então entrei para ver quem eram os membros e quando a página abriu vi o nome e o sobrenome dos membros dessa comunidade, muitos com fotos. A partir daí, dependendo das configurações de privacidade das pessoas, pude ver facilmente informações pessoais sobre essas pessoas, suas famílias e amigos”. “Eu fui apadrinhado sobre a importância de nossas tradições”, continua dizendo o membro de A.A. “e de manter nossa Irmandade da mesma maneira que a encontramos… Em minha opinião esta página não reflete o que é de A.A.”. Na sua resposta a outro membro de A.A. que escreveu ao ESG expressando inquietações semelhantes, o membro do pessoal do ESG responsável pela seção de Informação Pública diz: “Alguns membros de A.A. acham que sítios de redes sociais são um espaço privado; outros membros discordam fortemente e os entendem como um ambiente público. Os guias de Orientação de A.A. na Internet definem que os sítios de redes sociais são de ‘natureza pública’”. Quando é alertado sobre eventual quebra de anonimato a nível público – em revistas, jornais, televisão, etc., e depois de comprovar que realmente se tratava de uma quebra de anonimato, o ESG normalmente encaminha o caso para o Delegado da Área onde reside o membro para que se
encarregue de resolver esse assunto da maneira que lhe pareça oportuno (o Delegado da Área geralmente envia um lembrete amigável para esse membro falando a respeito da importância da Décima Primeira Tradição). Em relação à Internet, o método atual de abordar a quebra de anonimato de um membro em nível público “não se aplica bem aos sítios das redes sociais”. Dada a popularidade alcançada pela Internet e o grande número de pessoas envolvidas. A questão do anonimato passou a ser preocupante, e procuramos na experiência compartilhada acumulada dentro da Irmandade a respeito deste meiode comunicação em rápida evolução, observar as palavras de Bill W. quando descreve o anonimato como “o alicerce espiritual das nossas Tradições”. Como a maioria dos assuntos em A.A., independentemente de como a Internet e novas tecnologias possibilitem um e outro membro compartilharem, há grande benefício ha ser alcançado se tivermos um cuidado e uma avaliação prudente sobre esse assunto que causa preocupação para muitos membros. Falar com os padrinhos em A.A. e outros companheiros a respeito de como aplicar as Tradições “on line”, possivelmente oferecerá aos membros que utilizam esta tecnologia uma melhor compreensão de como nos apresentar como membros de A.A. diante de qualquer pessoa –
seja ou não membro de A.A., que possa “entrar” sem avisar nas salas dos muitos sítios das redes sociais Conforme apresentado no panfleto “Entendendo o Anonimato”(EUA/Canadá), a respeito do anonimato online, a consciência coletiva de AA expresso através de Conferência (EUA/Canadá) aprovou, na sua literatura sugestão que “os lugares de acesso público da Internet, como sites da Web com texto, gráficos, áudio e vídeo deve ser considerados como uma forma de ‘meios de comunicação pública’. Assim, eles precisam ser tratados da mesma maneira como a imprensa, rádio, TV e filmes. Isto significa que os nomes completos e os rostos não devem ser usados, nem dados de identificação. No entanto, o nível de anonimato, nos correios eletrônicos, reuniões on-line e salas de chat serão uma decisão pessoal”.
5.7. O anonimato e os meios de comunicação
Box 4-5-9, Primavera (março) 2010 (pág. 9) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_spring10.pdf
Título original: “Carta de Anonimato a los medios de comunicación”.
A cada ano, desde 1949, o Comitê de Informação ao Público da Junta de Custódios envia uma “Carta de Anonimato”anual aos meios de comunicação.
A singela carta agradece aos membros desses meios – repórteres de notícias, diretores de fotografia e apresentadores de rádio e de televisão, o apoio que sempre prestaram a Alcoólicos Anônimos no sentido de respeitar e proteger o anonimato dos membros de A.A. e pede que esta
colaboração mantenha sua continuidade. Além disso, a carta solicita que ao apresentar os membros de A.A. utilizem apenas o nome, sem o sobrenome, e que não sejam feitas fotografias nas que possam ser reconhecidos seus rostos. Também explica que: “O anonimato tem uma importância central para a nossa Irmandade e oferece aos nossos membros a segurança de que sua recuperação será um assunto confidencial. Com frequência, o alcoólico ativo evita qualquer fonte de ajuda que possa revelar sua identidade”.Neste mês de fevereiro (2010), foram enviadas aproximadamente 9.000 cartas aos meios de comunicação dos EUA e Canadá (incluindo os meios em español dos EUA e em francês de Québec). A carta também está na Web, no sitio do GSO. Apesar do alcance da Carta de Anonimato e do cuidado dos membros e grupos de A.A. de todas as partes e lugares, ocorrem quebras de anonimato, algumas ocasionadas por celebridades bem intencionadas ansiosas por “ajudar outros alcoólicos como eu”.O que é feito para responder a essas quebras de anonimato e às dezenas que ocorrem a cada ano? Como indicam as cartas que se recebem no Escritório de Serviços Gerais, os membros têm expressado uma constante preocupação por estas violações à Décima Primeira Tradição, ”Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes”a qual Bill W., chamou de “a chave da sobrevivência espiritual de A.A. ”Quando ocorre uma quebra de anonimato, os membros de A.A. pedem com frequência ao ESG que envie uma carta aos responsáveis pelos meios que veicularam a notícia. Porém, desde faz bastante tempo, o consenso da Conferência de Serviços Gerais tem sido que a responsabilidade de proteger a Tradição do Anonimato a nível público e de responder às quebras de anonimato nos meios de comunicação, cabe aos indivíduos, grupos e órgãos de serviço da Irmandade. Assim, quando ocorre uma quebra de anonimato a nível público o gabinete de Informação ao Público do ESG, envia uma carta ao delegado da Área pertinente informando sobre os detalhes e sugerindo que o delegado ou outro servidor de confiança se ponha em contato com o membro. O ESG apenas escreverá a carta se o delegado assim o solicitar.
5.8. O anonimato nas reuniões “on line”
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2004 (pág. 7-8) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_feb-mar04.pdf
Título original: “El anonimato em las reuniones em línea”
A internet é um lugar sedutor para os AAs. Consideramos as reuniões on-line como entidades de extensão global por estar na Web; mas, e o anonimato on-line? É bastante natural que os AAs, sentados na frente de seus computadores, tenham a impressão de estar compartilhando individual e pessoalmente em um ambiente íntimo, especialmente por não se encontrar entre uma multidão de companheiros numa grande sala de reunião. Entretanto, há que se fazer uma advertência, a experiência de A.A. sugere que: a internet é um meio de comunicação internacional e nem todos que “escutam” têm a mesma amplitude de conhecimento a respeito do que A.A. é e não é e por isso precisamos nos lembrar, e a nossos companheiros, que o que fazemos é levar a mensagem de A.A. e não a nossa mensagem pessoal. A maioria dos AAs informados pelas lições da nossa história compartilha a crença de que, entre outras coisas, o anonimato tem dois importantes objetivos: a segurança e a espiritualidade. A certeza de que será respeitada sua privacidade é o que torna possível a participação franca nas reuniões de A.A.; e nos lembra, conforme a Décima Segunda Tradição, de “colocar os princípios acima das personalidades”. Adaptar o princípio do anonimato para ser utilizado em nossas incursões na internet ainda é um trabalho em curso e muitos AAs. Recorrem ao Escritório de Serviços Gerais – ESG, para pedir orientação. Um membro escreveu: “É adequado que os membros utilizem seus nomes completos nos intercâmbios de mensagens?” A resposta do ESG: “Nossa experiência indica que a maioria dos membros utiliza seu nome completo e, de fato, quando escrevem para este Escritório – onde o anonimato é protegido, pedimos não apenas que utilizem seu nome completo, mas também a Área ou região de onde escrevem. É possível interceptar qualquer correio, eletrônico ou de tartaruga, e os que estão preocupados com esta possibilidade podem optar por não revelar sua identidade. É uma decisão pessoal”. No artigo de serviço muito popular chamado “Perguntas frequentes sobre a Web site de A.A.”,o ESG diz que em seu próprio Web site (www.aa.org), que tem quase 5.000 visitantes por dia, o escritório “observa todos os princípios e Tradições de A.A.” Enquanto ao anonimato, a experiência da Irmandade indica que “um web site de A.A. é um médio de comunicação público que tem capacidade para alcançar a audiência mais diversa e numerosa possível e portanto, é necessário nos valer da mesma proteção que utilizamos diante da imprensa, a rádio e o cinema”.O Grupo on-line dos Lamplighters (www.aa-lamplighters.org), estabelecido em 1991, e que agora tem quase 700 membros em mais de 30 países, adota a seguinte postura referente ao anonimato: “O Grupo Lamplighters (acendedores), aluga um ‘servidor de lista’, o equivalente eletrônico a um porão de igreja. Através disso controlamos a entrada às nossas reuniões e pedimos aos iniciantes apenas que nos façam uma declaração de intenção baseada na Terceira Tradição – ‘Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber’. As pessoas que ficam navegando à toa não podem casualmente numa reunião nossa. Precisam ser ‘membros’ dos Lamplighters e ter feito a inscrição anteriormente. A inscrição, por suposto, é gratuita”. Os Lamplighters explicam também que,“devido à configuração eletrônica do nosso servidor de lista, o anonimato costuma estar mais bem protegido na internet do que nas reuniões regulares de A.A. A muitos de nós nos parece que o fato de ignorar a raça, a idade, as características físicas, o sotaque, a vestimenta, ou até o sexo dos companheiros torna mais fácil antepor os princípios às personalidades. É claro que continuamos pedindo aos nossos membros que respeitem o anonimato de todos seus companheiros. E os alcoólicos que por qualquer razão que seja, queiram mais segurança, podem entrar com pseudônimos para proteção adicional do seu anonimato”.
5.9. Quando abrir seu anonimato não é quebra de anonimato.
Box 4-5-9, Outono (Set.) 2012 (pág. 1-2) => http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_fall12.pdf
Título original: “Cuando romper tu anonimato no es ruptura de anonimato”.
Embora se tenha escrito muito a respeito do anonimato na literatura de A.A. – ver, por exemplo, o folheto aprovado pela Conferência de Serviços Gerais “Entendendo o Anonimato” (JUNAAB, código 216), a julgar pelos comunicados que chegam ao Escritório de Serviços Gerais por parte dos membros da Irmandade, parece que ainda há muitas dúvidas e confusão relacionadas com a “base espiritual de todas as nossas Tradições”. A seguir aparece um apanhado das perguntas que recebemos por telefone e por correio postal e eletrônico, e algumas respostas extraídas da literatura de A.A.
Pergunta. –
Temos um membro que recentemente veio de outra cidade e que usa seu sobrenome nas reuniões. Devemos dizer a esta pessoaque está violando a Tradição do Anonimato?
Resposta. –
Em “A linguagem do coração”, p. 16, Bill W. escreve: “Deve ser o privilégio de cada membro de A.A. se abrigar com tanto anonimato pessoal quanto deseje. Seus companheiros de A.A. devem respeitar seus desejos e ajuda-lo a guardar seu anonimato no grau que lhe pareça apropriado”. Portanto, cabe a cada indivíduo decidir até que ponto quer ser anônimo abaixo do nível público. Usar seu sobrenome numa reunião de A.A. não é “violar” a Tradição de A.A. De fato, o autor de um artigo publicado no número de fevereiro de 1969da revista Grapevine, atribuiu ao Dr. Bob as seguintes palavras referentes à Decima Primeira Tradição. “Já que nossa Tradição sobre o anonimato designa com precisão o nível em que se deve manter o anonimato, deve ser evidente a todos que conseguem ler e entender nosso idioma que manter o anonimato em qualquer outro nível é definitivamente uma violação dessa Tradição”. “O A.A. que esconde sua identidade perante os companheiros Aas com o emprego de um nome suposto, viola a Tradição tanto quanto o AA que permite que seu nome apareça na imprensa em conexão com assuntos pertencentes a A.A.”. “O primeiro esta mantendo seu anonimato acima do nível da imprensa, do radio e de filmes, o último está mantendo seu anonimato abaixo do nível da imprensa, do radio e de filmes – enquanto a Tradição estabelece que devemos manter nosso anonimato no nível da imprensa, do radio e de filmes”. (O Dr. Bob e os Bons Veteranos, p. 271/7/1-272).
Pergunta. –
O que devo fazer se vejo uma personalidade de renome em uma reunião, como por exemplo, um ator, uma atriz ou o Delegado da Polícia local.
Resposta. –
Como todos os demais, as personalidades públicas devem desfrutar da proteção do anonimato no grau que desejarem.
Pergunta. –
Vi num jornal um anúncio publicado por um Grupo de A.A. que dava o endereço de onde o Grupo se reunia e outras coisas. Vocês não deveriam entrar em contato com esse Grupo por ter quebrado o anonimato a nível público?
Resposta. –
Suponhamos que um alcoólico enfermo nunca tenha tido a boa sorte de conhecer um membro de A.A. Como essa pessoa nos poderia encontrar? Seria uma busca muito dura se o Grupo local acredita que também deve ser anônimo. Há que lembrar que a Decima Primeira Tradição trata do anonimato pessoal. Os alcoólicos não irão se sentir atraídos a A.A. se não sabem que existe… (As Doze Tradições Ilustradas).
Pergunta. –
Não me sinto envergonhado pelo meu alcoolismo e não me parece necessário guardar segredo do fato de ser membro de A.A. Ao contrário, acredito que minha história pode ajudar outras pessoas. Acredito que deva poder usar meu nome completo no meu livro (entrevista televisada, blog, sítio na Web, etc.), ao compartilhar minha experiência em A.A. Por que isso causaria problemas a outra pessoa?
Resposta. –
Revelar publicamente ser membro de A.A. em qualquer médio acessível pelo público é considerado uma violação da Tradição de Anonimato de A.A. Em um artigo publicado em “O melhor da Grapevine”, Bill W. diz: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias de experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maior parte delas nos ensinam as mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somo os maiores racionalizadores do mundo; que, fortalecidos pelo pretexto de fazer boas ações para A.A., quebrando nosso anonimato, podemos recomeçar nossa velha busca desastrosa pelo poder e prestígio pessoais, das honrarias e do dinheiro: os mesmos impulsos implicáveis que anteriormente, ao serem frustrados,
nos fizeram beber…”
Pergunta. –
Por que dizemos que “o anonimato é a base espiritual de todas as nossas Tradições?”.
Resposta. –
“… Essas experiências nos ensinaram que o anonimato é a verdadeira humildade em ação. Trata-se de uma qualidade espiritual na vida de A.A. envolvendo tudo, em todo lugar, hoje em dia. Movidos pelo espirito do anonimato, tentamos deixar de lado os nossos desejos naturais de ganhar distinções pessoais como membros de A.A., tanto entre os nossos companheiros como entre o público em geral. Ao colocarmos de lado essas aspirações muito humanas, acreditamos que cada um de nós toma parte da confecção de um manto protetor que cobre toda a nossa Irmandade e sob o qual nos é dado crescer e trabalhar em conjunto”. (Os Doze Passos e as Doze Tradições, p. 170/3/1)
5.10. Reflexões sobre o anonimato
Box 4-5-9, Ago. Set./1988 (pág. 1 a 3) =>http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_aug-sept88.pdf
Título original: “¿Ha pensado recientemente en el anonimato?”
Uma recente onda de rupturas de anonimato levou à formação de um subcomitê especial do Comitê de Informação Pública dos Custódio. A este comitê foi-lhe designada uma tarefa interessante e um tanto curiosa. Como disse um membro do novo grupo na sua primeira reunião: “estaremos procurando um
meio para lembrar aos alcoólicos de todos os lugares, algo que a maioria de nós já sabe – mas do qual raramente falamos, ou seja, que, para os alcoólicos sóbrios, a prática do anonimato deveria ser tão agradável e emocionante quanto a própria sobriedade”Tendo iniciado os trabalhos em abril do presente ano (1988), os dez homens e mulheres do subcomitê estão estudando as diversas maneiras em que se quebra o anonimato, assim como os possíveis meios através dos quais essas quebras, tanto as intencionais – se as houver, como as não intencionais – como parece ser a maioria delas, podem ser evitadas. Além do mais, diferentemente da maior parte dos esforços acordados que no passado focavam o anonimato, esta campanha não está dirigida aos meios de comunicação nem a nenhum indivíduo ou grupo fora da Irmandade, mas, unicamente aos membros de A.A. Desta vez, a proposta a de considerar com carinho o presente brilhante do anonimato, e de solicitar a ajuda dos AAs de todos os lugares, para que perdure a proteção de sua promessa, seu prazer e seu poder. Ao abordar o problema, alguns membros do comitê se lembraram de ocasiões em que seu próprio anonimato poderia ter sido quebrado, ou quase. Conseguiram mantê-lo porque perceberam de repente o que estavam fazendo, ou o que estavam a ponto de fazer.
Um membro, por exemplo, falou da sua associação com uma universidade onde, como alcoólico e membro de A.A., servia como membro de uma junta consultiva que tinha planejado um novo curso que iria fazer parte do programa de estudos da instituição – o estudo e o tratamento do alcoolismo.
“Depois de aprovado o curso”,disse este membro do comitê, “seria publicado um panfleto a respeito do mesmo onde iria constar meu nome como membro da junta consultiva. Uma funcionária da universidade me telefonou querendo saber quais eram minhas credenciais – por suposto, minha credencial profissional.
Infelizmente, nessa mesma semana perdi meu posto; entretanto, para atender à funcionária, assim como à universidade, dei como subsidio minhas ‘credenciais’ em A.A. – coordenador de tal comitê ou tal junta, etc., o qual nos pareceu satisfatório tanto à universidade como a mim próprio. Passados alguns minutos após desligar o telefone, tive a estranha sensação de que havia alguma coisa inadequada naquilo que tinha feito. De repente, ‘a ficha caiu’… Telefonei à funcionaria e lhe disse que não poderia utilizar as credenciais que lhe tinha dado, uma vez que ao fazê-lo estaria quebrando meu anonimato diante do público. Não havia inconveniente algum em que ela soubesse minha afiliação a Alcoólicos Anônimos;mas, esta afiliação não deveria aparecer num panfleto disponível ao público. Sua resposta foi: ‘sabia que me ligaria prontamente. Essas credenciais de A.A. tampouco me pareceram indicadas’”. Uma lição que pode ser extraída desta anedota é que se não temos sempre presente a ideia, o propósito e o valor do anonimato, qualquer um de nós pode, inadvertidamente, quebrar seu anonimato. Entre outras experiências compartilhadas na sala, foi contada uma bastante curiosa que tinha
a ver com um artigo a respeito das mulheres e o alcoolismo publicado na revista Family Circle. O Escritório de Serviços Gerais – ESG tinha pedido ao membro em questão para participar de uma entrevista e documentar o artigo, e ela consentiu com prazer. “De fato”,disse, “estava pessoalmente
encantada por ter sido escolhida para essa importante tarefa”. De acordo com a companheira, o escritor, por respeito ao seu anonimato pessoal, lhe deu outro nome e idade e mudou todas as informações pessoais, de tal maneira que, quando apareceu o artigo “tinha outro nome – Ruth, uma idade diferente – 53 anos, e um tempo de sobriedade um pouco mais curto que o verdadeiro. Na realidade, todo o que se referia a mim tinha mudado, com
exceção da minha história de desespero e libertação que foi apresentada com todo detalhe e fidelidade”. Agora vem o curioso desta experiência: “Pouco tempo depois da publicação do artigo, uma mulher que já me tinha ouvido falar várias vezes, me chamou e, a pesar de todas as mudanças dos
dados específicos, perguntou-me ‘é sua a história que aparece na revistaFamily Circle? ’. Ela soube quem tinha sido entrevistada. Passado um mês, chegou uma carta ao ESG encaminhada à minha atenção. Vinha de uma mulher canadense e na carta dizia que seu nome também era Ruth e que também tinha 53 anos e queria agradecer à tal Ruth da história publicada na Family Circle porque tinha recebido tanta inspiração que agora tinha o que descreveu como‘três belíssimas semanas de sobriedade’”. Depois surgiu o poderoso significado deste breve relato: “Obviamente, o verdadeiramente importante da minha história manifestou-se sem envolver meu ego nem meu nome pessoal. Ajudei outra pessoa e mantive meu anonimato. Entretanto, foi uma felicidade que quase estraguei porque estive planejando responder pessoalmente à mulher; recomendaram-me que não o fizesse. Recomendação acertada!”. “Entretanto”, o membro do comitê disse concluindo “ainda sinto uma grande satisfação toda vez que lembro que um artigo a respeito de mim própria – mas que não expunha minha identidade, atraiu atenção e teve efeitos positivos. E cada a cada vez que me lembro volto a sentir a
alegria misteriosa, mas poderosa, do anonimato” Alguns outros membros do subcomitê tinham histórias interessantes para contar, todas relacionadas com o fato de ter revelado a outra pessoa o fato de serem alcoólicos ou membros de A.A. Um deles, seguindo a recomendação de um companheiro de A.A., advertiu seu dentista que, por ser alcoólico, não poderia tomar determinado medicamento sem correr perigo. A única resposta do dentista foi a de insistir no pagamento integral antes de continuar com o tratamento. (Fica claro que, embora tenha comunicado o aviso apropriado, este acabou sendo distorcido por quem o recebeu). Outro membro do subcomitê relatou uma situação parecida onde houve uma resposta diferente. Seu chefe imediato na empresa em que trabalhava sabia desde o início que ele era membro de A.A. e que era tão atuante no serviço de A.A. que em determinados dias não podia fazer horas extras. Mais tarde, quando surgiu um problema alcoólico com um alto executivo da companhia, esse chefe pediu, e prontamente recebeu permissão, para dizer ao presidente que a ajuda de A.A. encontrava-se à disposição na empresa mesmo. Depois de se entrevistar com o presidente, o chefe voltou para informar a resposta daquele alto executivo à noticia de que havia entre os funcionários um membro de A.A. Era (e o citou diretamente) “Eu sabia que esse tipo tinha algo de especial”. Certamente, alguns de nós revelamos a outras pessoas que tínhamos feito algo a respeito do nosso alcoolismo sem precisar dizer palavra alguma.Simplesmente se percebe. Assim foi com um membro do subcomitê que relatou uma comovente história que tinha começado com uma chamada feita pelo porteiro do deu edifício através do interfone do seu apartamento. O membro em questão morava no prédio desde cinco anos antes de ingressar em A.A. e agora contava cinco anos de sobriedade. Falando pelo interfone, o porteiro disse com alguma hesitação: “Não sei precisamente como lhe dizer, mas, parece ue faz alguns anos o senhor tinha um problema que agora não tem. Espero que não se sinta ofendido se lhe perguntasse se tenho razão, e se a tenho, me permitiria que lhe perguntasse o que fez a respeito daquele problema? Temos um funcionário no prédio que tem um problema e talvez o senhor possa ajuda-lo”. O seguinte e feliz episódio desta história diz que, é claro, que tinha o problema obteve ajuda; e o feliz resultado, pelo menos até a data, conta como agora aquele funcionário, depois de uns quantos anos ainda está sóbrio e é um membro dedicado de A.A. Tão significativo quanto este, é outro aspecto da história. O anonimato deste membro de A.A. não foi quebrado nem sequer a nível pessoal, pelas suas palavras, mas, simplesmente por estar sóbrio. Foi a mudança de comportamento e da sua aparência que o “denunciaram”. Este é o caso de um membro que leva a mensagem sendo a mensagem, sem dizer uma palavra a respeito dele. Não fez nada até que lhe foi pedida ajuda. Na medida em que continuava a discussão, outro membro do subcomitê explicou como, em algumas situações de trabalho, a quebra do anonimato pode causar problemas graves. Este alcoólico, um produtor de televisão, ofereceu-se para documentar um programa proposto a respeito do alcoolismo e a adição às drogas. Ao apresentar quase sem demora material suficiente parta uma dúzia de episódios, o chefe da produção perguntou-lhe como se havia tornado erudito com tanta rapidez, e ele respondeu um pouco relutante, que era membro de A.A. “Formidável!”,respondeu o chefe. “Assim, podemos focar o assunto desde dentro”. Embora a proposta preocupasse o membro, podia racionalizá-lo – e ao que parece, com bastante razão, pensando que as
precauções que se referem à quebra do anonimato ao nível da imprensa, da rádio, da televisão e do cinema, apenas têm a ver com, por
exemplo, aparecer na televisão, não trabalhar na mesma. E o seu trabalho era simplesmente redigir o roteiro, indicar os participantes convidados, etc.; ele não iria aparecer na tela. Entretanto, conforme ia realizando sua tarefa percebeu que não podia ser objetivo enquanto à matéria. Por exemplo, não podia tolerar opiniões a respeito de A.A. e o alcoolismo que diferiam das suas e da experiência de outros membros do programa. Isto levou a argumentações acaloradas, por vezes desagradáveis, e, sem duvida improdutivos como chefe da produção. Para resolver o problema, foi necessário encomendar o projeto a outro produtor, uma pessoa que nunca tinha trabalhado em um programa a respeito do alcoolismo e que sabia muito pouco a respeito da doença.
Entretanto, conforme lembra o membro de A.A., o novo produtor era um profissional muito competente, que aprendeu rapidamente, e o programa acabou tendo muito sucesso. “Um exemplo de reportagem televisiva de primeira categoria que ajudou muitas pessoas”.
Ao que acrescentou, “Eu não poderia tê-lo feito melhor”. Atualmente, este membro ainda é produtor, mas já não se mete na corrente principal da
preparação e produção de programas a respeito do alcoolismo. Cada vez mais colegas de trabalho sabem que é membro de A.A., porém oferece suas opiniões ou sugestões apena se lhe forem pedidas. “Já não trato de fazer reportagens objetivas a respeito de Alcoólicos Anônimos. Consegui perceber com clareza que não há maneira de ser objetivo quando se trata de algo que salvou a minha vida”. É possível que os membros do subcomitê, pelo fato de haverem tido experiências no anonimato muito diferentes umas das outras, tenham uma ampla variedade de opiniões sobre como se dirigir à Irmandade com referencia a esse assunto. Entretanto, um ponto que o subcomitê esta de acordo por unanimidade é que a nível de Grupo – o nível mais importante dentro de A.A., parece que se dedica pouco tempo e pouca discussão ao anonimato e à sua importância tanto para o programa como para os membros individuais. Assim, o plano inicial do subcomitê será o de procurar e colocar em pratica algumas formas de provocar “um pequeno renascimento do entusiasmo”a respeito do anonimato, e baseados nisso ampliar os esforços. Para começar, o subcomitê espera poder recolher uma pequena “biblioteca” de histórias,
contadas por membros, que tratem das suas experiências de anonimato: as quebras que por pouco não aconteceram; as não intencionais tanto a nível pessoal como ao nível público, e as consequências destas revelações. Espera-se também obter histórias daqueles que descobriram os benefícios do anonimato, a verdadeira alegria que vem de passar a mensagem de uma maneira serena e discreta, e a grande satisfação que sempre segue ao ato de dar sem esperar nada em troca, nem sequer o reconhecimento. Tem alguma história para contar a respeito do anonimato? Uma experiência pessoal a esse respeito que queira compartilhar? Escreva a: Subcommittee on Anonymity, Box 459, Grand Central Station, New York, NY 10163. Os membros do comitê aguardam suas noticias. Precisamos da sua ajuda. E parece que o anonimato também.