HUMILDADE – CAMINHOS PARA: – NA OPINIÃO DO BILL

HUMILDADE – Caminhos para:
NA OPINIÃO DO BILL

Nas mãos de Deus
Quando olhamos para o passado, reconhecemos que as coisas que nos chegaram quando nos entregamos nas mãos de Deus foram melhores do que qualquer coisa que pudéssemos ter planejado.
Minha depressão aumentou de forma insuportável até que finalmente me pareceu estar no fundo do poço, pois naquele momento o último vestígio de minha orgulhosas obstinação foi esmagado. Imediatamente me encontrei exclamando: “Se existe Deus, que Ele se manifeste! Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”
De repente, o quarto se encheu de uma forte luz. Pareceu-me com os olhos de minha mente, que eu estava numa montanha e que soprava um vento, não de ar, mas de espírito. E então tive a sensação de que era um homem livre. Lentamente o êxtase passou. Eu estava deitado na cama, mas agora por instantes me encontrava em outro mundo, um mundo novo de conscientização. Ao meu redor e dentro de mim, havia uma maravilhosa sensação de presença e pensei comigo mesmo: “Então, esse é o Deus dos pregadores!”

Buscando o ouro do insensato
O orgulho é o grande causador da maioria das dificuldades humanas, o principal obstáculo ao verdadeiro progresso. O orgulho nos induz a exigir de nós e dos outros; e as exigências não podem ser cumpridas sem perverter ou fazer mau uso dos instintos que Deus nos deu. Quando a satisfação de nossos instintos em relação ao sexo, segurança e posição social se torna o único objetivo de nossa vida, então o orgulho entre em cena para justificar nossos excessos.
Posso alcançar a “humildade por hoje” apenas na medida em que sou capaz de evitar, por um lado, o lamaçal de sentimentos de culpa e revolta, e por outro, essa bela mas esmagadora terra semeada de moedas de ouro do orgulho do insensato. É assim que posso encontrar e permanecer no verdadeiro caminho da humildade, que está situado entre esses dois extremos. Logo, é necessário um inventário constante que possa mostrar quando me afasto do caminho.

O sistema econômico de Deus
“No sistema econômico de Deus, nada é desperdiçado. Através do fracasso, aprendemos uma lição de humildade que é provavelmente necessária, por mais dolorosa que seja.”
Nem sempre chegamos mais perto da sabedoria por causa de nossas virtudes; nossa melhor compreensão frequentemente tem fundamento nos sofrimentos de nossos antigos desatinos. Pelo fato disso ter sido a essência de nossa experiência individual, é também a essência de nossa experiência como irmandade.

Aceitação diária
“Grande parte de minha vida foi passada repisando as faltas dos outros. Essa é uma das muitas formas sutis e maldosas de auto-satisfação, que nos permite ficar confortavelmente despreocupados a respeito de nossos próprios defeitos. Inúmeras vezes dissemos: ‘Se não fosse por causa dele (dela), como eu seria feliz!’”
Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos como somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma humildade realista sem a qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar. Repetidamente precisaremos voltar a esse pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um exercício de aceitação que podemos praticar com proveito todos os dias de nossas vidas.
Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos da vida em álibis irreais para a prática da apatia ou do derrotismo, eles podem ser a base segura sobre a qual pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o progresso espiritual.

Não podemos viver sozinhos
Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para irmos contra nossas desejos naturais; todos eles reduzem nosso ego. Quando se trata da redução do ego, poucos Passos são mais duros de aceitar do que o Quinto Passo. Dificilmente qualquer um deles é mais necessário à sobriedade prolongada e à paz de espírito.
A experiências de A. A. nos ensinou que não podemos viver sozinhos e com os problemas que nos pressionam e com os defeitos de caráter que os causam ou agravam. Se passarmos o holofote do Quarto Passo sobre nossas vidas, e se ele mostrar, para nosso alívio, aquelas experiências que preferimos não lembrar, então se torna mais urgente do que nunca desistirmos de viver sozinhos com aqueles atormentadores fantasmas do passado. Temos que falar deles para alguém.
Não podemos depender totalmente dos amigos para resolver todas as nossas dificuldades. Um bom conselheiro nunca pensará em tudo, por nós. Ele sabe que a escolha final deve ser nossa. Entretanto, ele pode ajudar a eliminar o medo, oportunismo e a ilusão, tornando-nos capazes de fazer escolhas afetuosas, prudentes e honestas.

Coragem e prudência
Quando o medo persistiu, nós já o conhecíamos e fomos capazes de lidar com ele. Começamos a ver cada adversidade como uma oportunidade enviada por Deus para desenvolver a espécie de coragem que nasce há humildade não do desafio.
A prudência é um terreno trabalhável, um canal de navegação seguro entre os obstáculos do medo de um lado e descuido do outro. A prudência na prática cria um clima definido, o único clima em que a harmonia, eficiência e progresso espiritual firmes podem ser conseguidos.
“A prudência é o interesse racional sem preocupação.”

A humildade perfeita
Eu, por minha parte, tento encontrar a definição mais verdadeira de humildade que puder. Ela não será a definição perfeita porque eu serei sempre imperfeito.
Nesse artigo, escolheria a definição seguinte: “A humildade absoluta consistiria num estado de completa libertação de mim mesmo, na libertação de todas as exigências que meus defeitos de caráter lançam tão pesadamente sobre mim agora. A humildade perfeita seria a total boa vontade de, em todos os momentos e lugares, reconhecer e fazer a vontade de Deus”.
Quando penso nessa visão, não preciso ficar desanimado porque nunca a atingirei, nem preciso me encher da presunção de que algum dia alcançarei todas essas virtudes.
Preciso apenas contemplar essa visão, deixando-a crescer e encher meu coração. Isto feito, posso compará-la ao meu último inventário pessoal. Tenho então uma saudável idéia de onde me encontro no caminho para a humildade. Vejo que minha caminhada em direção a Deus apenas começou.
Ao reduzir-me ao meu verdadeiro tamanho, minhas preocupações comigo mesmo e o sentimento de minha própria importância fazem-me rir.

“Admitimos perante Deus…”
Desde que você não esconda nada, ao fazer o Quinto Passo, sua sensação de alívio aumentará de minuto a minuto. As emoções reprimidas durante anos saem de seu confinamento e, milagrosamente, desaparecem à medida que são reveladas. Com a diminuição da dor, uma tranqüilidade restauradora toma seu lugar. E quando a humildade e a serenidade estiverem assim combinadas, pode acontecer algo de grande significação para nós.
Muitos Aas, anteriormente agnósticos ou ateus, nos dizem que foi nessa fase do Quinto Passo que de fato sentiram, pela primeira vez, a presença de Deus. E mesmo aqueles que já tinham fé, muitas vezes tomaram consciência de Deus como nunca antes.

Guia para um caminho melhor
Quase nenhum de nós gostou da idéia do auto-exame, da redução do orgulho e da confissão das imperfeições que os Passos requerem. Mas vimos que o programa realmente funcionava para os outros e viemos a acreditar na desesperança da vida tal como estávamos vivendo.
Portanto, quando fomos abordados por aquelas pessoas que tinham resolvido o problema, só nos restou apanhar o simples conjunto de instrumentos espirituais que puseram ao nosso alcance.
Nas Tradições de A. A. está implícita a confissão de que nossa Irmandade tem suas falhas. Confessamos que temos defeitos de caráter, como sociedade, e que esses defeitos nos ameaçam continuamente. Nossas Tradições são um guia para melhores formas de trabalhar e de viver, e representam para a sobrevivência e harmonia do grupo o que os Doze Passos de A. A. representam para a sobriedade e paz de espírito de cada membro.

Percepção da humildade
Uma melhor percepção da humildade inicia uma mudança revolucionária em nossa maneira de ver. Nossos olhos começam a se abrir aos imensos valores resultantes do doloroso esvaziamento do ego. Até agora, dedicamos grande parte de nossas vidas a fugir do sofrimento e dos problemas. A fuga através da garrafa foi sempre nossa solução.
Então, em A. A., observamos e escutamos. Por todo lado vimos o fracasso e a miséria transformados pela humildade em valores inestimáveis.
Para quem tem progredido em A. A., a humildade significa uma claro reconhecimento do que e de quem realmente somos, seguido de uma tentativa sincera de nos tornar aquilo que poderíamos ser.

Entre os extremos
“ verdadeira questão é se podemos aprender de nossas experiências algo que sirva de base para podermos crescer e para ajudar outros a crescerem à imagem e semelhança de Deus.
“Sabemos que se nos negarmos a fazer aquilo que é razoavelmente possível para nós, seremos castigados. E também seremos castigados se pretendermos ter uma perfeição que simplesmente temos.
“Aparentemente o caminho da relativa humildade e progresso deve estar entre esses extremos. Em nosso lento progresso em abandonar a rebeldia, a verdadeira perfeição está sem dúvida muito distante.”

O começo da humildade
“Há poucos pontos absolutos inerentes aos Doze Passos. Quase todos os Passos estão abertos à interpretação baseada na experiência e na visão do indivíduo.
“Consequentemente, o indivíduo é livre para começar os Passos no ponto em que puder ou quiser. Deus, como nós O concebemos, pode ser definido como um ‘Poder maior…’ ou, como o Poder Superior. Para milhares de membros, o próprio grupo de A. A. tem sido, no início, um ‘Poder Superior’. Esse reconhecimento é fácil de aceitar, se o recém-chegado sabe que os membros, em sua maioria, estão sóbrios e ele não.
“Sua admissão é o começo da humildade – pelo menos o recém-chegado está disposto a renunciar à idéia de que ele mesmo é Deus. Isso é tudo o que ele precisa para começar. Se, continuando esta admissão, ele relaxar e praticar todos os Passos que puder,certamente crescerá espiritualmente.”

Alcançando a humildade
Percebemos que não precisávamos sempre apanhar e levar cacetadas para ter humildade. Ela poderia ser alcançada seja se a procurássemos voluntariamente, seja pelo constante sofrimento.
Em primeiro lugar, procuramos obter um pouco de humildade, sabendo que morreremos de alcoolismo se não o fizermos. Depois de algum tempo, embora ainda possamos nos revoltar, até certo ponto, começamos a praticar a humildade, porque essa é a coisa certa a se fazer.
“Chega então o dia em que, finalmente livres da revolta, praticamos a humildade, porque no fundo a queremos como um modo de vida.”

Complete a limpeza da casa
Muitas vezes, os recém-chegados procuram guardar para si mesmos os fatos desagradáveis referentes às suas vidas. Tentando evitar a experiência humilhante do Quinto Passo, eles tentaram métodos mais fáceis. Quase sem exceção se embriagaram… Tendo preservado no resto do programa, perguntavam-se porque tinham recaído.
Acho que a razão é que eles nunca completaram a limpeza de sua casa. Fizeram seu inventário, mas continuaram agarrados a alguns de seus piores defeitos. Eles somente pensaram que tinham perdido seu egoísmo e medo. Somente pensaram que tinham se humilhado. Mas não tinham aprendido o suficiente sobre humildade, coragem e honestidade. Até que contaram a outra pessoa toda a sua vida.

Perfeição – apenas um objetivo
Nós, seres humanos, não podemos ter humildade absoluta. No máximo podemos apenas vislumbrar o significado e o esplendor desse perfeito ideal. Só Deus pode Se manifestar no absoluto; nós seres humanos, precisamos viver e crescer no domínio do relativo.
Assim sendo, buscamos progredir na humildade para hoje.
Poucos de nós estão prontos para sequer sonhar com a perfeição moral e espiritual; queremos apenas nos desenvolver tanto quanto esteja ao nosso alcance nessa vida, de acordo, é claro, com as mais variadas idéias que cada um tenha sobre o que esteja ao seu alcance. Lutamos equivocadamente para alcançar objetivos determinados por nós mesmos, em vez de lutar pelo objetivo perfeito, que é o objetivo de Deus.

O instinto de viver
Quando homens e mulheres ingerem tanto álcool a ponto de destruir suas vidas, cometem um ato totalmente antinatural. Contrariando seu desejo instintivo de auto preservação, parecem estar inclinados à auto destruição. Lutam contra seu mais profundo instinto.
Á medida que vão progressivamente se humilhando pela terrível surra administrada pelo álcool, a graça de Deus pode penetrar neles e expulsar sua obsessão. Aqui, seu poderoso instinto de viver pode cooperar plenamente com o desejo de seu Criador de lhes dar uma nova vida.
“A característica central da experiência espiritual consiste em dar a quem a experimenta uma nova e melhor motivação, fora de qualquer proporção com qualquer processo de disciplina, crença ou fé.
“Essas experiências não podem nos tornar íntegros de uma vez; constituem um renascimento a uma nova e verdadeira oportunidade.”

Precisamos a ajuda de fora
Era evidente que uma auto-avaliação, feita a sós, e admissão de nossos defeitos, baseada só nessa avaliação, nem de longe seriam suficientes. Tínhamos que ter ajuda de fora, se quiséssemos saber e admitir a verdade a nosso respeito – a ajuda de Deus e de um outro ser humano.
Somente através de uma discussão sobre nós mesmos, sem esconder nada, somente com a disposição de seguir conselho em direção ao pensamento correto, à honestidade sólida e à verdadeira humildade.
Se estivermos nos enganando, um conselheiro competente pode rapidamente percebê-lo. E, à medida que ele habilmente nos afasta de nossas fantasias, ficamos surpresos ao descobrir que vamos tendo poucos dos costumeiros ímpetos de nos defender das verdades desagradáveis. De nenhuma outra forma podem desaparecer tão prontamente o medo, o orgulho e a ignorância. Depois de certo tempo, percebemos que estamos numa nova base firme para a integridade, e agradecidos damos crédito a nossos padrinhos, cujos conselhos nos indicaram o caminho.

Para matar ou curar o sofrimento
“Acredito que quando éramos alcoólicos ativos, bebíamos principalmente para acabar com o sofrimento de um tipo ou de outro – físico, emocional ou psíquico. É claro que cada pessoa tem um ponto fraco, e suponho que você tenha encontrado o seu – por essa razão é que recorremos à garrafa outra vez.
“Se eu fosse você, não me culparia tanto por isso; por outro lado, a experiência deveria redobrar sua convicção de que o álcool não tem um poder permanente para acabar com o sofrimento”.
Em cada história de A. A., o sofrimento tinha sido o preço da admissão para uma nova vida. Mas esse preço tinha comprado mais do que esperávamos. Ele trouxe humildade, que logo descobrimos que era um remédio para o sofrimento. Começamos a ter menos medo do sofrimento e a desejar a humildade mais do que nunca.

Desde a raiz principal
O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura, sem que antes admitamos a derrota total é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda.
É dito a todo recém-chegado, e logo ele percebe por si mesmo, que sua humildade admissão de impotência perante o álcool constitui o primeiro passo em direção à libertação de seu jugo embriagador.
Assim, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é apenas o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma visão da humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano, trabalhar para a conquista da humildade como algo desejável por si mesmo, são as coisas que demoram muito, muito tempo para a maioria de nós. Uma vida inteira dedicada ao egocentrismo não pode ser mudada de repente.

Contado o pior
Embora fossem muitas as variações, meu principal tema era sempre: “Como sou terrível!” Do mesmo modo como muitas vezes, por orgulho, exagerava minhas mais modestas qualidades, também exagerava meu defeitos através do sentimento de culpa. Em todos os lugares, eu vivia confessando tudo (e mais um pouco) a quem quisesse me ouvir. Acreditem ou não, eu achava que essa ampla exposição de meus erros era uma grande humildade de minha parte e considerava isso um consolo e um grande bem espiritual.
Porém, mais tarde, percebi profundamente que na verdade não tinha me arrependido dos danos que causei aos outros. Esses episódio eram apenas a base para contar histórias e fazer exibicionismo. Junto com essa compreensão, veio o começo de um certo grau de humildade.

Nosso manto maior
Quase todo jornalista que vai fazer uma reportagem sobre A. A. se queixa, a princípio, da dificuldade de escrever sua matéria sem citar nomes. Mas esquece rapidamente esta dificuldade quando compreende que este é um grupo de pessoas que não se preocupa de forma alguma com o aplauso.
Provavelmente é a primeira vez em sua vida que ele faz uma reportagem sobre uma organização onde ninguém quer publicidade pessoal. Por mais cético que ele seja, essa sinceridade evidente o transformará num amigo de A. A.
Movidos pelo espírito do anonimato, enquanto membros de A. A. tentamos deixar de lado nossos desejos naturais de distinção pessoal, tanto entre nossos companheiros alcoólicos como ante o público em geral. À medida que deixamos de lado estas aspirações muito humanas, acreditamos que cada um de nós contribui para tecer um manto protetor que cobre toda nossa sociedade e sob o qual podemos crescer e trabalhar em unidade.

(Fonte: Na Opinião do Bill – paginas: 2-12-31-44-83-91-106-126-149-156-159-191-211-213-236-246-248-291-305-311-316)

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