A OREÇÃO DA SERENIDADE – ALUIZIO F.

ORAÇÃO
A ORAÇÃO DA SERENIDADE
“POR ALUIZIO F:”

Caros amigos, creio pessoalmente que é o melhor já escrito tanto sobre a origem desta Oração bem como sobre os motivos e as explicações porque ela deve ser recitada no singular e não no plural como aparece em nossa versão portuguesa. Mas como versões, são versões…..simplesm ente coloco à disposição de todos o artigo deste nobre companheiro que esta em minhas mãos e não se encontra em nenhum dos dois volumes da Coletânea. Abraços….. Antonio
“A Oração da Serenidade e sua Trilogia” Por Aluizio F.
A “Oração da Serenidade”, para muitos, Prece ou Evocação, provavelmente seja a mais usada de todas as orações que se fazem atualmente, por este mundo de Deus. Além de ser usada nas reuniões de mais de 68.000 grupos de A.A. do mundo inteiro, ela também é usada em muitos outros tipos de reuniões e sua mensagem é transmitida até em cartões de felicitações de Natal, em vários países do mundo. “Al-Anons”, “Alateens”, associações religiosas de diversos tipos e seitas, grupos outros de ajuda mútua, etc., etc., enfim, essa bela e profunda “Oração”, atribuída a muitos autores, “NÃO TEM DONO”! E como tal, ao contrário do que muitos poderiam pensar, ela não é “propriedade” do A.A.! Bem diziam os nossos co-fundadores: “O A.A. não tem nada de seu! Alcoólicos Anônimos é simplesmente uma Síntese, uma Grande Síntese, de princípios tirados da Religião, de ensinamentos levados pela própria Medicina, acrescidos, todos eles, da extraordinária experiência dos alcoólatras”.
Em Novembro de 1964, a revista “The A.A. Grapevine”, publicou um artigo em que atribuía a origem da “Oração da Serenidade” ao Dr. Reinhold Niebuhr, professor de Ética e Teologia do Seminário da União Teológica de New York, nos Estados Unidos da América do Norte, o qual, em 1932 lhe teria dado a forma atual e que é a que é feita em todas as reuniões de Alcoólicos Anônimos do mundo inteiro; o professor Niebuhr a usava sempre ao final de todas as suas “pregações”. Um belo dia, um amigo seu, também pastor, ao assistir a uma dessas reuniões, achou-a simplesmente maravilhosa e pediu, ao final da reunião, ao Dr. Niebuhr, que lhe a “emprestasse” e mais, que permitisse que a divulgasse a outras pessoas que a desconheciam e que, provavelmente, como ele – o professor Howard Hobbins, esse era o seu nome – também gostariam de desfrutá-la. O professor Niebuhr, ao entregar-lhe uma cópia da mesma, disse-lhe, simplesmente: “Tome-a! Eu não preciso usá-la para mim mesmo”! E assim, a “Oração da Serenidade” passou a ser divulgada e usada, de início nos Estados Unidos apenas, e depois no mundo inteiro.
No A.A. ela foi introduzida a partir de Junho de 1941, quando, numa coluna de obituário do “New York Tribune Herald”, intitulada “In Memoriam”, ela foi encontrada por um companheiro nosso – Jack C. – que a levou para o então ainda incipiente “Escritório de A.A.” de Vesey Street, entregando, à então secretária RuthHock (aquela mesma que escreveu os rascunhos do nosso “Livro Grande” – Alcoólicos Anônimos) um recorte do jornal e que dizia: “Mãe – Deus, concedei-me Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem para modificar as coisas que posso, e Sabedoria para saber a diferença – Adeus!”. Ruth, então, impressionada com sua beleza e profundidade e achando que aquela “Oração” se enquadrava perfeitamente em nosso “programa” e na vida de muitos daqueles já então milhares de alcoólatras complicados e pouco afeitos a “aceitações”, resolveu copiá-la e usá-la nas cartas que escrevia aos grupos e aos membros de A.A. então existentes. Mais tarde, outro companheiro nosso – Horace C. – teve a idéia de imprimí-la em cartões, pagando, ele próprio, por sua impressão.
Mas, mesmo assim, a sua origem tem sido bastante discutida e tem até preocupado a muitas pessoas e muito especialmente a membros de A.A. Todos gostariam de saber fielmente as suas raízes, a sua origem. Difícil, se não de todo, impossível! As origens da “Oração da Serenidade” são muito controvertidas e obscuras, embora, para nós, membros de A.A., ela seja atribuída mesmo ao Prof. Reinhold Niebuhr, o qual lhe teria dado a forma atual e que é a usada pelos grupos de A.A. do mundo inteiro, à exceção, naturalmente os do Brasil, que ainda teimam em fazê-la na forma plural e que, os poucos grupos que resolveram fazê-la no singular, fazem-se errada, graças a orientações também erradas e ao pouco caso a ela dado por elementos da “cúpula” do A.A. do nosso país.
Muitos a atribuem a um monge de Saragoza, na Espanha, que a teria usado lá pelos idos de 1647. Outros a atribuem à Rainha Elizabeth I, da Inglaterra, outros ainda, ao almirante Nelson (inglês) que a teria usado em uma de suas batalhas navais. E assim, sucessivamente, uma infinidade de nomes d de pessoas que a teriam usado, geralmente em momentos de provações e desespero.
No jornal de A.A. “Box-4-5-9”, editado em diversos idiomas e que é remetido aos grupos de A.A. do mundo inteiro, na edição de Agosto/Setembro de 1985, há uma nota referente à “Oração da Serenidade”, dizendo, em certo trecho, que um membro de A.A. lhes enviara um recorte do “Paris Herald Tribune”, com um artigo escrito por um correspondente daquele jornal, na Alemanha Ocidental, dizendo tê-la visto escrita em uma imponente nave de um velho edifício transformado em Hotel, na cidade de Koblenz, “marcada por bandeiras prussianas” numa placa escrita com os seguintes dizeres: “Deus, dá-me o despego emocional necessário, para aceitar as coisas que não posso modificar; coragem para modificar as coisas que posso; e sabedoria para distinguir umas das outras”. Estas palavras teriam sido escritas por Friedrich Octinger, um piedoso evangélico do século XVIII. E acrescenta ainda aquele jornal de A.A.: “Nós não temos em nosso poder a inscrição alemã da cidade de Koblens. Também temos um cartão impresso com a informação de que a “Oração” é a oração de um soldado do século IV. E mais: “Pensamos que talvez, no futuro, se descubram ainda mais possíveis origens da “Oração da Serenidade”. Porém, não devemos perder-nos labirintos de informações históricas; é o rezar a “Oração”, o que ma vai ajudar, a mim, um alcoólatra”.
No livro “Pass It On” (A Vida de Bill), recentemente editado pela “A.A.W.S.” (Editora oficial das literaturas de A.A.) nos Estados Unidos, no capítulo XIV, em uma referência à “Oração da Serenidade” e sua introdução no “programa de A.A.”, há uma nota em que diz: “As origens da “Oração da Serenidade” são obscuras. Pode datar de Boethius, um filósofo que viveu cerca de 500 anos, era de Cristo e foi martirizado pelos Cristãos. Antes de morrer, Boethius esteve numa prisão por longo tempo escreveu, entre outras coisas, “Consolação da Filosofia”. E acrescenta ainda: “Ela é atualmente creditada a Reinhold Niebuhr, um teólogo do século XX, que, em compensação, a atribui a Friedrich Octinger, um teólogo que viveu no século XVIII”.
Certa vez, escreveram ao Prof. Reinhold Niebuhr, dizendo-lhe que estavam deturpando a sua “Oração”, fazendo-a no plural, em vez de no singular, como fora escrita por ele. Ele respondeu simplesmente: “Se a estão fazendo assim, é por que a acham melhor que na forma escrita por mim, mas, de qualquer maneira, o que importa é que não desvirtuem a sua finalidade, o seu valor espiritual”.
Em 1959 escreveram ao nosso Bill W. indagando sobre o costume de certos grupos de A.A. de usarem o “Padre Nosso” ao final de suas reuniões, dizendo até que muitos contestavam o seu uso, alegando ser o “Padre Nosso” uma oração cristã. Bill respondeu, dizendo que o uso do “Padre Nosso” em nossas reuniões é um costume antigo e que foi herdado dos “Grupos Oxford”, bastante influentes nos primeiros tempos de A.A. Acrescenta ainda aquele nosso co-fundador que “sempre existem aqueles que parecem ofender-se pela introdução de qualquer oração dentro de uma reunião regular de A.A. Algumas vezes há queixas de que o “Padre Nosso” é um documento cristão. Não obstante, esta oração é de uso tão extenso e tem tal reconhecimento, que a argumentação de sua origem cristã é um pouco ultrapassada. Também é verdade que a maioria dos A.A. acreditam em alguma espécie de Deus e que a comunicação e fortaleza é o consenso geral; parece ser justo que, pelo menos, a “Oração da Serenidade” e o “Padre Nosso” sejam usados em conexão com nossas reuniões. Não é necessário ater-nos aos sentimentos de nossos recém-chegados agnósticos e ateus para que escondamos as boas qualidades que temos adquirido. O pior que pode acontecer a esses objetores é fazer um saudável exercício de tolerância durante sua etapa de progresso”.
É preciso lembrar que há muitos grupos espalhados pelo mundo inteiro que fazem também a “Oração de São Francisco”, no início ou no final de suas reuniões.
De qualquer maneira, há sempre “algo” de espiritual em todas as nossas reuniões – no início ou no fim – e a mais comum mesmo, é a “Oração da Serenidade”.
Alguns anos atrás, pouco antes de sua morte, ocorrida em 24/01/71, o nosso Bill W. “encarregou” o jornalista, ex-Custódio de A.A., Jack Alexander, que se tornara famoso em nossa Irmandade por Ter escrito uma das páginas mais importantes e belas de nossa literatura – o famoso artigo publicado no dia 1º de Março de 1941, no “Suterday Evening Post”, de Cleveland (hoje literatura oficial de A.A.) para que pesquisasse sobre a origem da “Oração da Serenidade”, afim de que se procurasse, da melhor forma possível, “satisfazer” a sempre e cada vez mais crescente curiosidade dos membros de A.A. sobre sua origem. Algum tempo depois, Jack Alexander deu a resposta àquele nosso co-fundador: “Realmente, há muitas idéias sobre a origem da “Oração da Serenidade” – citando a seguir muitos dos fatos acima relacionados – “porém”, disse ele, “o verdadeiro autor, aquela a quem é atribuída a forma atual dessa bela “Oração”, é contemporâneo nosso e a escreveu lá pelos idos de 1932. O seu nome é Reinold Niebuhr, professor do Seminário Teológico de “New York”. E mais, aquele grande jornalista e amigo nosso, deu a Bill W. a forma atual da “Oração da Serenidade”, logo depois publicada e distribuída aos grupos de A.A. do mundo inteiro pelo “G.S.O.” (Escritório de Serviços Gerais de A.A. dos Estados Unidos da América do Norte) e que é:
“Deus, concedei-me Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar; Coragem para modificar as coisas que poso; e Sabedoria para saber a diferença.
Vivendo um dia de cada vez. Desfrutando um momento por vez. Aceitando as dificuldades como o caminho da Paz. Tomando como ELE fez, este mundo pecaminoso como ele é, não como eu gostaria que fosse. Confiando em que ELE fará todas as coisas certas, se eu submeter-me à SUA vontade, que eu possa ser razoavelmente feliz nesta vida. E infinitamente feliz com ELE, para sempre, na próxima. Amém!”.
No nosso jornal informativo, o “Bob” nº 44, na fl. 4, está escrita a seguinte nota: “Esclarecendo sobre a Oração da Serenidade: Em vista das constantes dúvidas se a Oração da Serenidade deve ser proferida no singular ou no plural, transcrevemos notícia divulgada no “Bob” nº 22 de 1982: “Recebemos comunicação, através do “G.S.O.”, nos informando e sugerindo que a “Oração da Serenidade” seja feita no singular” (o grito é nosso) – e segue à notícia, a publicação da Oração no singular, numa forma simplória, errada, com os dizeres inventados e adaptados pelos “responsáveis” por nossos órgãos de serviço, deturpando-a e até acrescentando palavras que não existem no seu texto original. Lamentável, simplesmente lamentável, o pouco caso dado por essas pessoas a tão importante e sério assunto, como se já não bastasse Ter vindo essa “recomendação” do próprio Escritório (“G.S.O.”) considerado como “mundial” do A.A.
Há pouco tempo foi sugerido pelo “Comitê de Literaturas” em língua latina da “Reunião Ibero-Americana de Serviços de A.A.” para que o “CLAAB” (Centro de Distribuição de Literaturas de A.A. para o Brasil) que corrigisse, no nosso livro “Os 12 Passos”, a “Oração da Serenidade” que está impressa na forma plural e não no singular, que é a forma correta.
A razão de tudo isso, que para muitos pode parecer supérfluo, é muito simples: “O A.A. vive e deixa viver”. E além do mais, a nossa “10ª Tradição” diz simplesmente: “Alcoólicos Anônimos não opina sobre assuntos alheios à Irmandade, para que o nome de A.A. não entre em controvérsias públicas”. E mais, se o A.A. “não tem nada de seu”, nós que fazemos essa querida Irmandade, não temos o direito de modificar coisas que foram feitas ou escritas pelos outros e que nem ao menos foram feitas para nós. O que me diriam os companheiros se nós resolvêssemos, por nosso próprio gosto, modificar a “Oração de São Francisco” (que também é feita em grupos de A.A.) e fazê-la no plural? Provavelmente as autoridades religiosas, nem só do país, mas e também do mundo inteiro (o Papa, por exemplo), solicitariam aos brasileiros ou ao A.A. como um todo, que respeitassem a “Oração de São Francisco” e que, se desejassem usá-la que a usassem, mas na sua forma correta, como ela teria sido escrita por aquele piedoso e querido santo.
Diante de tudo isso, não nos resta outra alternativa, que não unicamente colocar nossas vaidades de lado e procurarmos fazê-la, como se faz em todos os grupos de A.A. do mundo, na forma verdadeira e correta e que é… no singular!

(Fonte: informacoesdogorobo@yahoogrupos.com.br – companheiro: Antônio Mika)

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