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Segundo passo

2º PASSO

 

Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

Para a maioria dos recém-chegados a leitura deste passo traz um sério dilema.

Alguns se recusam a acreditar em Deus, outros não podem fazê-lo, e alguns acreditam, mas não conseguem ter confiança em que Deus consiga livrá-los da obsessão. Aquele que se recusa a acreditar já tem dificuldade para aceitar sua impotência diante do álcool. Acredita que o ser humano é o ápice da evolução, o único deus que aceita. Renunciar a esta sua crença parece impossível. Seu padrinho vem então em seu auxílio, explicando que até para um amigo seu que era presidente da Sociedade Atéia Americana foi possível contornar este obstáculo.

Seu padrinho pede que estude três afirmações: Alcoólicos Anônimos não exige que se acredite em coisa alguma; para alcançar e manter a sobriedade não é preciso aceitar de uma vez só o Segundo Passo; o único requisito realmente necessário é ter a mente aberta. O padrinho continua relatando a sua própria experiência, como alguém que tinha tido uma educação cientifica, e inicialmente encarara a irmandade de A. A. como sendo totalmente anticientífica. No entanto, diante dos resultados prodigiosos que A. A. mostrava, desistiu de argumentar. A partir de então, começou a ver e sentir, e o Segundo Passo começaram a infiltrar-se em sua vida.

Explica que existem inúmeros caminhos que os membros de A. A. seguem, e muitos começaram considerando A. A. como Poder Superior, e assim ultrapassaram a barreira inicial. A partir de então “… sua fé se ampliou e aprofundou.

Libertados da obsessão pelo álcool, com suas vidas inexplicavelmente transformadas, chegaram a acreditar num Poder superior, e a maioria já falava em Deus” (Os Doze Passos, p. 19).

Outras pessoas tiveram fé e a perderam. Destas, algumas desenvolveram preconceito contra a religião, outras se rebelaram por Deus não ter satisfeito suas exigências. Outras ainda tornaram-se indiferentes, ou se afastaram de vez.

As pessoas que perderam a fé às vezes têm dificuldade maior para aceitar A. A.,pois desenvolvem “… barreiras da indiferença, da presumida auto-suficiência, do preconceito e do desprezo (…) mais sólidas e formidáveis para estas pessoas que qualquer barreira construída pelo agnóstico duvidoso ou pelo ateu militante” (Os Doze Passos, p. 20). Bem situadas financeiramente, não sentiam necessidade de qualquer manifestação religiosa ou equivalente.

Pessoas intelectualmente auto-suficientes também encontram dificuldades quando chegam ao grupo de A. A.. Sentindo-se anteriormente superiores às outras pessoas, percebem que existem reconsiderações a serem feitas. Membros mais experientes do grupo, que já passaram por esta experiência, mostram pelo seu exemplo que a humildade e inteligência podem ser compatíveis, desde que a humildade esteja em primeiro plano. Desta forma torna-se possível adquirir uma fé que funciona.

Outro grupo de pessoas criticava a Bíblia e a moralidade dos religiosos.

Chegando em A. A., precisaram reconhecer que toda sua crítica serviu para alimentar seu ego: criticando a falha de algumas pessoas religiosas, podiam sentir-se superiores a elas.

Muitas vezes observado pelos psiquiatras, o desafio é uma característica predominante em muitos alcoolistas e. Já que Deus não havia atendido suas solicitações, de nada lhes valia a fé, e a rebeldia contra Deus se instalava. Em A. A., percebem seu engano: em momento algum haviam pedido a Deus qual seria a Sua vontade em relação a eles. Ao contrário, sempre a Ele diziam o que fazer.

Percebem que não é possível crer em Deus e ao mesmo tempo desafiá-Lo. Além

disso, vêem o fruto da fé na superação de dificuldades imensas pelas quais

homens e mulheres de A. A. passaram, e concluem que merece ser pago qualquer preço que seja necessário pagar pela humildade.

Existem ainda alcoolistas cheios de fé que continuam bebendo. Fazem inúmeras promessas para parar, lutam contra o álcool, pedem para isso ajuda de Deus, mas mesmo assim não conseguem parar de beber. Constituem um enigma para as pessoas que o rodeiam, mas não para os membros de A. A.: a chave está ligada à pureza da fé, e não à quantidade de prática religiosa. Estes alcoolistas, após um exame mais profundo, dão-se conta de que sua prática religiosa vinha sendo apenas superficial, e também, que nunca haviam aprendido a rezar de maneira correta,pedindo a Deus que a vontade dEle prevalecesse.

Poucos alcoolistas que ainda bebem percebem estar mentalmente doentes, e o mundo, desconhecedor da diferença entre o beber racional e o alcoolismo, contribui para que esta cegueira se mantenha. As reuniões de A. A. são “… uma segurança de que Deus nos levará de volta à sanidade , se soubermos nos relacionar corretamente com Ele” (Os Doze Passos, p. 24).

 

ALVO: SANIDADE

“… o Segundo Passo, sutil e gradualmente, começou a se infiltrar em minha vida. Não posso dizer a ocasião e a data em que vim acreditar num Poder Superior a mim mesmo, mas certamente tenho essa crença agora”.

“Viemos acreditar”. Eu acreditava da boca para fora quando sentia vontade ou quando pensava que ficaria bem. Eu realmente não confiava em Deus. Não acreditava que Ele se preocupava comigo. Continuei tentando mudar as coisas que eu não podia mudar. Aos poucos, de má vontade, comecei a colocar tudo nas mãos Dele dizendo: “Você é onipotente, então tome conta disto”. Ele tomou. Comecei a ter respostas para os meus problemas mais profundos, algumas vezes nas horas mais inesperadas: dirigindo para o trabalho, comendo um lanche, ou quando estava quase adormecido. Percebi que eu não tinha pensado naquelas soluções – um Poder Superior a mim mesmo as estava dando.

Eu vim a acreditar.

 

PREENCHENDO UMA LACUNA

Bastava para o caso fazermo-nos uma lacônica pergunta: “Creio agora ou estou disposto a crer, que exista um Poder Superior a mim mesmo?” Uma vez que o homem possa responder que crê ou quer acreditar; asseguramos-lhe enfaticamente que está no caminho certo do êxito.

Sempre fui fascinado com o estudo dos princípios científicos. Estava emocional e fisicamente distante das pessoas enquanto procurava o Conhecimento Absoluto. Deus e espiritualidade eram exercícios acadêmicos, sem significado. Era um moderno homem de ciência, o conhecimento era o meu Poder Superior. Colocando as equações na posição correta, a vida era apenas outro problema para resolver.

Mas meu ego interior estava morrendo pela solução proposta pelo meu homem exterior para os problemas da vida e a solução sempre foi o álcool. Apesar de minha inteligência, o álcool tornou-se meu poder superior. Foi através do amor incondicional que emana das pessoas de A .A. e das reuniões, que fui capaz de descartar o álcool como meu poder superior.

A grande lacuna estava preenchida. Não estava mais sozinho e separado da vida. Tinha encontrado um verdadeiro Poder Superior a mim mesmo, tinha encontrado o amor de Deus. Existe somente uma equação que realmente me importa agora: Deus está em A. A.

QUANDO A FÉ ESTÁ PERDIDA

“Às vezes A. A. é aceito com maior dificuldade pelos que perderam ou rejeitaram a fé do que pelos que nunca tiveram, pois acham que já experimentaram a fé e esta não lhes serviu. Experimentaram viver com fé e sem fé.”

Tão convencido estava de que Deus tinha me abandonado que ao final tornei-me provocador, embora soubesse que não devia agir assim, e mergulhei numa bebedeira. Minha fé tornou-se amarga e não foi coincidência. Aqueles que já tiveram uma grande fé atingem o fundo com mais dificuldade.

Levou tempo para que minha fé reascendesse, mesmo tendo vindo para A. A. Estava intelectualmente agradecido por sobreviver a queda tão vertiginosa, mas meu coração sentia-se endurecido. Ainda assim, persisti com o programa de A. A.: as alternativas eram muito tristes! Continuei assistindo as reuniões e, aos poucos, minha fé foi ressurgindo.

UMA LIBERTAÇÃO GLORIOSA

“A partir do momento em que desisti de argumentar, comecei a ver e a sentir. Nesse instante, o Segundo Passo, sutil e gradualmente, começou a se infiltrar em minha vida. Não posso dizer a ocasião e a data em que vim acreditar num Poder Superior a mim, mas, certamente, tenho esta crença agora. Para adquiri-la bastou-me parar de lutar e praticar o restante do programa de A. A. Com o maior entusiasmo de que dispunha.”

Depois de anos satisfazendo a uma “desenfreada obstinação”, o Segundo Passo tornou-se para mim uma libertação gloriosa de ficar sozinho. Nada agora é mais doloroso ou intransponível na minha jornada. Alguém está sempre aqui para compartilhar comigo as cargas da vida. O Segundo Passo tornou-se uma forma de reforçar minha relação com Deus, e agora percebo que minha insanidade e meu ego estavam curiosamente ligados. Para livrar-me do anterior, devo entregar este a alguém com os ombros muito mais largos que os meus.

UM PONTO DE REAGRUPAMENTO

“Portanto, o Segundo Passo é o ponto de reagrupamento para todos nós. Sejamos agnósticos, ateus, ou ex-crentes, podemos agrupar neste Passo”.

Sinto que o programa de A. A. é inspirado por Deus e que Deus está presente em todas as reuniões. Eu vejo, acredito, e vim a saber que A. A. funciona, porque permaneci sóbrio hoje. Voltei minha vida para A. A. e para Deus, indo a uma reunião de A. A. Se Deus está em meu coração e em tudo mais, então sou uma pequena parte de um todo e não sou único. Se Deus está no meu coração e me fala através de outras pessoas, então eu devo ser um canal de Deus para outras pessoas. Devo procurar fazer sua vontade vivendo os princípios espirituais e minha recompensa será a sanidade e sobriedade emocional.

UM CAMINHO PARA A FÉ

A verdadeira humildade e  a mente aberta poderão nos conduzir à fé. Toda reunião de A. A. é uma segurança de que Deus os levará de volta à sanidade, se soubermos nos relacionar corretamente com Ele.

Minha última bebedeira deixou-me num hospital totalmente quebrado. Foi então que fui capaz de ver meu passado flutuar na minha frente. Percebi que por cauda da bebida, tinha vivido todos os pesadelos que pudera haver imaginado. Mina própria teimosia e obsessão para beber levaram-me para um abismo escuro de alucinações, apagamentos e desespero. Finalmente vencido, pedi ajuda a Deus. Sua presença convenceu-me para que acreditasse. Minha obsessão pelo álcool foi tirada e minha paranóia foi suspensa. Não estou mais com medo. Sei que minha vida é saudável e sã.

 

O AMOR EM SEUS OLHOS

Alguns de nós se recusam a acreditar em Deus, outros não podem e ainda outros, embora acreditem na existência de Deus, de forma alguma confiam que Ele levará a cabo este milagre.

Foram as mudanças que vi nas novas pessoas que vieram para a Irmandade que me ajudaram a perder o medo e mudaram minha atitude negativa em positiva. Podia ver o amor em seus olhos e estava impressionado pelo muito que a sobriedade “Um dia de cada vez” significava para eles. Eles olharam honestamente para o Segundo Passo e vieram a acreditar que um Poder superior a eles, iria restituí-los à sanidade. Isto fez com que eu tivesse fé na Irmandade e esperança que funcionaria também para mim. Descobri que Deus era um Deus amoroso, não aquele Deus puni dor que eu temia antes de chegar em A. A.. Descobri que Ele tinha estado comigo durante todas aquelas horas em que eu estava com problemas antes de vir para A. A.

Hoje sei que foi Ele quem me levou para A. A. e que eu sou um milagre.

 

A DADIVA DO RISO

A esta altura, seu padrinho de A. A. geralmente se põe a rir.

Antes de começar minha recuperação do alcoolismo, o riso era um dos mais dolorosos sons que conhecia. Eu nunca ria e sentia que se alguém mais risse, era de mim! Minha auto piedade negava-me o mais simples dos prazeres, ou a leveza do coração. No final do meu alcoolismo, nem mesmo o álcool provocava em mim uma risada de bêbado.

Quando meu padrinho em A. A. começou a rir e a mostrar a minha auto piedade e enganos alimentados pelo ego, fiquei aborrecido e magoado, mas ele ensinou-me a aliviar-me e a focalizar a minha recuperação. Logo aprendi a rir de mim mesmo e, eventualmente, ensinar os meus afilhados a rir também. Todo dia pelo a Deus para ajudar-me a parar de me levar muito a sério.

 

UMA TAREFA DE TODA A VIDA

“Mas como, nestas circunstâncias, poderei manter-me calmo? É isso o que eu quero saber”.

Nunca foi conhecido pela minha paciência. Quantas vezes me perguntei: “Por que esperar, se posso ter tudo agora?” Em verdade, quando me apresentaram os Doze Passos, pela primeira vez, me sentia como um “garoto numa loja de doces”. Não podia esperar para ir até o Décimo Segundo Passo: pois com certeza era apenas trabalho para alguns meses, ou assim em pensava! Percebo agora que viver os Doze Passos de A. A. é um empreendimento para toda a vida.

 

FAZENDO DE A. A. O TEU PODER SUPERIOR

“… você poderá, se quiser… considerar A. A. em si como sua “força superior”. Nele se encontra um grande número de pessoas que resolveram seus problemas com o álcool … muito membros … atravessaram a barreira inicial … sua fé se ampliou e se aprofundou … transformados, chegaram a acreditar num Poder Superior…”.

Ninguém era maior que eu, ao menos aos meus olhos, quando eu bebia. Todavia, não podia sorrir para mim no espelho, assim é que cheguei em A. A. onde, com outros, ouvi falar de um Poder Superior. Não podia aceitar o conceito de um Poder Superior, porque acreditava que Deus era cruel e sem amor. Em desespero escolhi uma mesa, uma árvore, depois meu Grupo de A. A. como meu Poder Superior. O tempo passos, minha vida melhorou e comecei a pensar sobre este Poder Superior. Pouco a pouco, com paciência, humildade e muitas perguntas, comecei a acreditar em Deus.

Agora meu relacionamento com meu Poder Superior me dá a força para viver uma vida sóbria e feliz.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 40-42-43-44-45-46-56-59-73-175)