SEXTO PASSO DE A.A.

Antes de falarmos sobre o SEXTO PASSO, seria oportuno contextualizá-lo no conjunto dos DOZE PASSOS.

Todos conhecem a história da criação dos DOZE PASSOS: Bill W. os escreveu em 30 minutos, sob inteira inspiração.

Para mim, essa INSPIRAÇÃO é um contacto com uma realidade SUPERIOR, TOTAL, que está aqui e agora, presente em todos os momentos, regendo todo o Universo. Mas, não a vemos, não a apalpamos e, assim, não conseguimos descrevê-la racionalmente.

Esse sistema já foi percebido em outras épocas, por outras pessoas, que o traduziram em linguagens diferentes, Jesus usou os 12 apóstolos para nos dizer de 12 naturezas humanas, pelas quais devemos passar para chegar a Ele, ao homem perfeito.

A astrologia, que data de mais de 5.000 anos, também colocava o homem viajando por 12 astros, transitando por 12 forças, 12 percepções diferentes da realidade, traduzidas em 12 signos do zodíaco, sempre em busca da totalidade, da integralidade de si.

Os astrônomos, por sua vez, dividiram o tempo em 12 meses, subdivididos em 4 estações, que resumem o nascimento, o crescimento, a maturidade e a morte de todos os seres vivos.

Pois bem. O homem sente que lhe falta algo; não compreende o quê; e busca preencher esse vazio – às vezes com bebida, com drogas, com ideologias.

Os DOZE PASSOS são uma linguagem universal. Por isso, podem ser utilizados pelos alcoólicos, para expulsar sua obsessão pela bebida, tornando-o um homem íntegro; podem ser utilizados pelo dependente de drogas; pelo comedor compulsivo; pelo fumante; enfim, para qualquer plano de vida, que proponha uma integralidade física, psíquica, emocional e espiritual. É isso que os DOZE PASSOS nos oferecem: um caminho para o SER INTEGRAL.

Assim, os 4 primeiros Passos representam o primeiro nascimento: crianças inocentes e irresponsáveis ainda, é a primeira AÇÃO do homem diante de um mundo desconhecido e ameaçador: admitimos nossa impotência (perante o álcool), constatamos a existência de um PODER SUPERIOR a nós, entregamos nossa vida aos SEUS cuidados e começamos a nos conhecer, fazendo um minucioso inventário de nós mesmos.
Nos 4 Passos seguintes (5, 6, 7 e 8), admitimos os nossos defeitos e a nossa impotência diante deles; nos prontificamos para que o PODER SUPERIOR os remova, introduzindo, como instrumento, a ORAÇÃO; e constatamos a nossa necessidade do OUTRO; fazemos, então, uma relação de todos a quem prejudicamos.

Os últimos 4 Passos (9, 10, 11 e 12) é o nascimento do espírito: passamos a fazer as reparações aos outros, dos danos que causamos e passamos a colocar em prática, no nosso dia, a humildade, fazendo, a todo o instante, um exame de consciência. Aprendemos a nos conectar com o PODER SUPERIOR, através da MEDITAÇÃO e, finalmente, nos sacrificamos pelo outro, transmitindo ao mundo o nosso aprendizado.

O SEXTO PASSO está no segundo nascimento: nascimento da razão, da disciplina. É o exercício espiritual que adestra o nosso EGO.
O sexto passo nos ensina que não temos que lutar contra os nossos defeitos de caráter: a vaidade, o orgulho, o medo, a inveja, a preguiça, a gula e os excessos. Numa queda de braço, todos esses defeitos vencem, facilmente, o espírito ainda imaturo do homem, e nos derrubam, colocando-nos novamente na frente da garrafa.

O SEXTO PASSO nos propõe ESTAR DIANTE DESSES DEFEITOS, MAS SEPARADO DELES, NÃO PERTENCENDO A ELES. O que o SEXTO PASSO nos propõe é o DESAPEGO: é ver o nosso EGO sem críticas, sem julgamentos, sem justificativas, sem culpas. Ver nossos defeitos, imparcialmente, é prontificar-se para DEUS.

É aquela ENTREGA que fizemos no primeiro passo – admitimos que éramos impotentes perante o álcool – mas, agora, em outro nível, no nível do homem adulto, que já se conhece e, por isso, admite que é impotente perante o seu próprio ego, sua própria personalidade, perante as circunstâncias de sua vida, perante os outros, e, assim, entrega tudo isso também ao PODER SUPERIOR.
Aqui, permitimos que a vontade do PODER SUPERIOR seja feita.

Existe uma tradução livre do Pai-Nosso, diretamente do aramaico, a língua de Jesus, que nos fala mais profundamente acerca do perdão que a costumeira oração recitada pelos cristãos:

“Desfaz os laços dos erros que nos prendem, assim como nós liberamos as amarras com que aprisionamos a culpa dos nossos irmãos. Desembaraça-nos dos nós internos, para que possamos restaurar em nossos corações os laços simples que nos unem a outros seres”.

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